Blog •  19/07/2023

6 erros que você não pode cometer ao reformar seus pastos

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Uma área de pastagem reformada e bem manejada será sempre produtiva, se receber todos os cuidados necessários

Para quem busca uma pecuária competitiva e rentável, fazer reforma de pastagem é uma decisão difícil de ser tomada. Ela é recomendada quando a pastagem apresenta baixo estande de capim - já não sendo possível recuperá-lo, áreas de solo nu e alta infestação de plantas daninhas.

Na maioria das vezes, é a única alternativa ao se identificar uma alta degradação dessas áreas, que consequentemente não irá suprir as necessidades de pastejo dos animais. O pasto está tão degradado que já não supre as necessidades do rebanho, porque perdeu a sua capacidade de recuperação natural e não há como manter a produção pecuária em alta.

Mesmo sendo uma operação trabalhosa e de alto custo, muitos pastos ainda são reformados com maior frequência que deveriam por conta de erros cometidos na formação ou na manutenção da pastagem.

Saiba Mais: Análise de Solo: o começo de tudo

Confira os 6 erros que você não pode cometer ao reformar sua área de pasto:

1. Semear sem fazer análise do solo

O primeiro passo para ter bons resultados na produção do pasto é conhecer a área que será semeada. Por isso, a reforma de pastagem começa pela análise de solo em laboratório. Segundo o engenheiro agrônomo e agrônomo de campo regional de pastagem da Corteva Agriscience, Luan Martins Borges, essa análise antes da semeadura é indispensável para implantar uma pastagem.

O laudo gerado após a análise mostra a disponibilidade e a quantidade de nutrientes presentes no solo, identifica sua textura e diz se ele está muito ácido ou está dentro da faixa de PH ideal para o crescimento de forrageiras tropicais.

“Assim, você dará condições ideais para que o capim semeado possa expressar seu máximo potencial produtivo e não tenha perdas de produtividade pela falta de algum nutriente no solo”, pontua Borges.

Ele ressalta que o ideal é fazer a análise antes da semeadura, porque muitas necessidades que o pasto semeado terá não poderão ser supridas após a sua emergência. “Quando o capim semeado emitir as primeiras radículas e começar a absorver os nutrientes disponíveis, a área já deve estar nas condições ideais. O produtor não conseguirá fornecer depois o que faltou, sem comprometer a produtividade do capim”.

2. Deixar o solo mal preparado

Um solo mal preparado pode gerar problemas na germinação das sementes. Elas podem não germinar por não terem um bom contato com o solo. Esse solo também estará sujeito à erosão, pode ter a lixiviação de nutrientes e as próprias sementes, se foram semeadas a lanço, podem se perder na enxurrada.

“Será um pasto malformado, com bastante falhas e áreas de erosão. Por estar trabalhando com uma operação de reforma de pasto que requer alto investimento, é preciso que tudo seja bem feito, para colher o retorno quando o pasto estiver formado”.

Outro ponto importante é que o preparo do solo deve ser feito em toda a área que será reformada. Se não puder fazer a calagem e a adubação em toda a área, por exemplo, é melhor reduzir as áreas na fazenda que serão reformadas, para que sejam preparadas de forma correta. É melhor uma área menor bem-feita do que uma área grande e mal preparada. 

3. Não fazer o controle de plantas invasoras

É recomendável que o planejamento de uma reforma seja realizado por um profissional capacitado, que vai fazer as recomendações agronômicas necessárias, alinhadas ao objetivo do produtor, e sua meta de produção. Uma dessas recomendações é o controle de plantas daninhas com o uso de herbicidas.

Segundo Borges, a permanência de plantas daninhas em uma reforma é desastrosa para a formação do pasto, que vai ficar com estande muito ruim. As plantas daninhas vão predominar sobre o capim, pois são altamente competitivas, e o capim não consegue se desenvolver antes delas.

“Não é concebível a ideia de se implantar uma área de capim com presença de plantas daninhas. Isso compromete toda a operação e no final não vai dar o resultado que o pecuarista espera, além de gerar perdas”, alerta.

Leia Mais: Planejamento: Custos de reforma e recuperação de pastagens

4. Usar semente de baixa qualidade ou uma variedade inadequada

O uso de semente certificada é indispensável para o sucesso da reforma de pastagem. Uma semente de boa qualidade tem alta germinação e mais rapidez na cobertura do solo, não deixando espaço para o crescimento de plantas daninhas.

Muitos pecuaristas erram por considerar o preço como fator principal na decisão da compra da semente, ao invés de escolher a semente com mais qualidade. Ao comprar um produto de qualidade inferior, o gasto com o controle de invasoras será maior.

“Ao trabalhar com sementes de alta qualidade e certificadas, temos a garantia de que aquele lote não contém sementes de plantas daninhas. Presença de sementes de plantas daninhas junto com as sementes de capim é um problema sério, você pode infestar toda a área e até trazer espécies que não existiam na sua fazenda”, diz.

Outro ponto importante é definir qual espécie de cultivar será semeada. A escolha deve levar em conta o objetivo do uso da área, qual espécie animal e categoria vai trabalhar, e se vai produzir para feno, silagem ou pastejo. O pecuarista deve considerar ainda a fertilidade do solo, as condições climáticas da região e se há pragas ou doenças que podem atacar essa espécie. O nível tecnológico da fazenda e de capacitação dos funcionários da fazenda também pesam na decisão.  

“Nunca baseie sua decisão no capim que está na moda, porque todo ano vai ter algum capim assim, que todo mundo está falando. Não existe o melhor capim, existe, sim, o capim que é ideal para as condições da sua fazenda”.

5. Atrasar o plantio

Assim como uma lavoura de cultura anual, que tem uma janela de plantio que deve ser respeitada, a formação de pasto precisa seguir o mesmo rigor.  A semeadura da pastagem deve ser feita no início período chuvoso, quando a umidade se aproxima de 150 milímetros de chuva acumulados e bem distribuídos.

“É nesse período que a semente terá boas condições para germinação, e depois terá todo o restante da época chuvosa para desenvolver o sistema radicular, perfilhar e formar uma área de pastagem excelente. Outra vantagem de semear nesta época é que talvez o produtor consiga fazer até dois pastejos nessa área, ainda na estação chuvosa”. 

Para não perder a melhor época para um plantio eficiente, o ideal é que o terreno já esteja preparado e corrigido logo no início das chuvas. Assim, é possível aproveitar a estação para obter o máximo crescimento e estabelecimento da espécie forrageira.

6. Não fazer a manutenção adequada

Uma área após formada e bem manejada não tem prazo para ser reformada novamente. Desde que receba todos os cuidados necessários, como controle de pragas e adubação, ela será sempre produtiva.

Por isso, depois que o pasto estiver formado, inicia a parte mais importante para manter a sua qualidade, que é o manejo de pastagem. Lembre-se de que o custo para reformar uma pastagem é muito maior, se comparado ao custo da manutenção.

“A pastagem em uma área reformada é para ser estabelecida apenas uma vez, pois capim é uma cultura perene, ou seja, uma vez implantado é esperado que não seja preciso replantar”.

Ele explica que essa área terá os seus picos produtivos na época chuvosa, e na seca vai diminuir, mas isso é normal devido às condições de menor disponibilidade hídrica e variações de temperatura e luminosidade, que influenciam diretamente na produtividade dos capins tropicais.

“Ao contrário do que algumas pessoas pensam, uma área reformada não tem prazo de validade. Se for bem manejada, é para durar a vida toda. Temos relatos de pastagens formadas há mais de 50 anos, que estão plenamente produtivas”, comenta Borges.