Blog •  04/04/2023

A exportação foi desembargada. Como ficou o mercado do boi gordo?

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Em 23 de março, foi notificado pelas autoridades responsáveis que a exportação de carne bovina in natura para a China pode retomar as atividades.

A tão esperada notícia, aguardada pelo setor pecuário, chegou em 23 de março. O fim do embargo brasileiro, quanto ao envio de carne bovina para a China, foi anunciado pelo MAPA e GACC.

Em conjunto a esta notícia, quatro novos frigoríficos estão habilitados a exportar para a China. São eles: Frigon (Jaru – RO), JBS (Vilhena – RO), Astra (Cruzeiro do Oeste – PR) e Rio Doce (Colatina – ES). O frigorífico Redentor (Guarantã do Norte – MT) foi reabilitado.

Após o anúncio, o mercado foi reagindo aos poucos. A referência paulista para o boi gordo reagiu e, até 31 de março, subiu R$ 7,00/@. A cotação do “boi China” voltou a existir, o frigorífico está pagando um ágio pelo bovino com até 4 pares de dentes. A referência é de R$ 300,00/@ em São Paulo. Veja o comportamento dos preços do boi gordo (R$/@), em São Paulo, na figura 1.

Figura 1.
Cotação do boi gordo destinado aos mercados interno e externo (“boi China”), em R$/@, preços brutos e a prazo.

Fonte: Scot Consultoria

E qual foi o desempenho da exportação durante o embargo?

Apesar de ter durado um mês (23 de fevereiro a 23 de março), o efeito do embargo no fluxo de exportação foi sentido apenas a partir da terceira semana de março.

Na primeira quinzena, o desempenho da exportação de carne bovina in natura foi de 8,4 mil toneladas por dia. Com dados parciais da terceira semana, a quantidade caiu para 6,9 mil toneladas por dia. E, mais recentemente, na quarta semana, totalizou 5,97 mil toneladas. Estima-se que, em março, deveremos exportar entre 130 e 140 mil toneladas, queda frente ao exportado em março de 2022 (170 mil toneladas).

O faturamento, até o momento, totalizou 518,6 milhões de dólares, representando uma média diária de 28,8 milhões, faturamento 36,5% menor que o obtido na média de março de 2022.

O que acreditamos que vai acontecer em abril

A partir do aumento dos preços da arroba, que ocorreram ao longo da última semana de março, o ímpeto de compra das indústrias diminuiu, assim, testes abaixo das referências estão sendo realizados, mas não concretizados. Os pecuaristas relutam em vender seu gado por enquanto.

Devemos ver preços lateralizados nos próximos dias, sem descartar possíveis altas em função de fatores macroeconômicos que podem auxiliar no escoamento da carne bovina. Entre eles, temos a virada de mês chegando, que favorece o escoamento de carne no mercado interno, entretanto, a Semana Santa – comemoração religiosa que tipicamente diminui o consumo de carne bovina – pode postergar tal movimento.

Com o avanço do mês e a chegada do período seco, podemos ver um maior volume de gado terminado chegando ao mercado, o que poderá derrubar os preços no médio prazo.

Ao longo da primeira quinzena de abril, a exportação de carne bovina in natura deverá seguir com volumes menores sendo embarcados, uma vez que os impactos do embargo continuarão sendo sentidos.

No médio/longo prazo, a exportação deverá continuar com volumes recordes, uma vez que os índices econômicos chineses têm mostrado bons resultados, o que indica um aquecimento no mercado local.

Além disso, o mercado tem uma expectativa de aumento do PIB chinês, que também reitera boas perspectivas de consumo. Assim, podemos ver um bom escoamento de carnes, em geral, no país, em especial a bovina, nos favorecendo.

Em março, houve relatos de novos casos de PSA na China, o que pode, em curto prazo, antecipar os abates locais e aumentar a oferta de carne suína no país. Em médio prazo, o cenário deverá levar à retração na oferta de carne suína, podendo estimular a demanda por carne bovina brasileira.