Blog •  26/10/2022

Cuidados com pastagem somados ao selo Apropampa chancelam pecuária que vem do Pampa Gaúcho

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Bois em pastagem

Uso de produtos que garantem o melhor pasto ao gado, somado ao selo distintivo da região, ampliam qualidade e reconhecimento da carne do pampa gaúcho. 

Você já ouviu falar em indicação geográfica? Saiba que essa é a denominação para se referir a produtos ou serviços com origem em uma região específica, e quem a reconhece é o Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI). Seu registro reconhece reputação, qualidades e características que estão vinculadas ao local, e no Brasil já foram criadas 69 indicações.

Uma delas é a carne de animais criados no Pampa Gaúcho, agora comercializada com um selo de identificação de origem reconhecido pelo INPI. A marca coletiva Apropampa, da Associação dos Produtores de Carne do Pampa Gaúcho, valoriza os produtos cárneos oriundos de lá, facilitando o seu reconhecimento no mercado por parte dos consumidores. A Embrapa, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e o governo do estado do Rio Grande do Sul foram parceiros da associação no processo que resultou na marca coletiva.

A Embrapa, inclusive, participou de todo o processo que resultou na conquista do selo, desde apoio na formação da associação até estudos técnicos de delimitação da área geográfica para identificação da origem da carne. A empresa também apoia o fomento à cadeia da carne e à negociação com novos frigoríficos interessados no produto oriundo do Pampa, que tem uma série de diferenças com relação a carnes de outras regiões.

Chancela de origem

Danilo Sant’Anna, pesquisador da Embrapa Pecuária Sul e membro do Conselho Técnico Regulador da Apropampa, explica o objetivo do selo distintivo – que vai além de contar toda a história e significado por trás do produto final: “O selo Apropampa é diferente do selo orgânico. Ele basicamente busca caracterizar a origem dessa carne, a procedência. Por ser uma indicação geográfica reconhecida, ele se torna um mecanismo de reconhecimento, de diferenciação, e isso no mundo inteiro, principalmente pela Europa.”

Para ganhar essa chancela, os produtores têm que participar da associação, cumprir o regulamento, seguindo um padrão mínimo de qualidade. Ou seja, o selo permite fazer parte da pauta de negociação. Ele destaca ainda que o país vem crescendo muito neste eixo e que a Embrapa sempre apoiou essas iniciativas de diferenciação de produtos, fazendo parte do apoio à formação de políticas públicas e da organização das cadeias produtivas.

Transparência ao consumidor final

A finalidade de tudo, além de culminar com o desenvolvimento da região e de todos os elos da cadeia, é fazer com que o consumidor final possa identificar a origem e também processos inerentes à produção dessa carne dentro das fazendas, pois rastreabilidade também faz parte desse processo, ao longo de toda a cadeia. Com base nisso, indica Sant’Anna, “é criada uma cadeia de valor que identifica e relaciona aquilo que se consome com o conhecimento dos processos de produção. Isso permite ao consumidor demandar mais da marca, da linha de carne com o selo Apropampa.”

Apesar de exaltar o tradicionalismo, esse movimento é um fomento para que os produtores se organizem e aprimorem suas estruturas. Para isso, a Embrapa acompanha de perto e ajuda desenvolvendo e qualificando processos produtivos junto aos produtores, explorando em diferentes aspectos uma produção sustentável. “Porque tradição não é sinônimo de atraso, ao contrário. A gente pode e deve ter o desenvolvimento tecnológico colado a processos que estão intimamente ligados à conservação, ao uso sustentável desse meio ambiente. Eles se complementam”, defende Sant’Anna.

A vocação da região

O Pampa Gaúcho parte do bioma Pampa. Não é um ambiente florestal, já que no Pampa predominam formações campestres, sejam nativas ou cultivadas, e essa característica faz com que a atividade pecuária seja uma atividade alinhada a esse ambiente. Quando o produtor começa a desenvolver as técnicas propostas pelo selo, vira um círculo virtuoso. “O Pampa proporcionou a própria vocação da cultura e da atividade pecuária para o gaúcho e moldou a própria cultura. Ele tem uma relação íntima com a pecuária como um todo, a atividade de criação de gado, ovelha, e muito dessa cultura se desenvolveu por essa afinidade”, destaca Sant’Anna.

Este bioma foi a terceira indicação geográfica do INPI e conta com bovinos criados livres nos campos. A alimentação desses animais, em maior parte composta pela rica variedade de pastos naturais, é responsável por um produto com perfil de gordura mais saudável, nutritiva, com altos teores de ferro e vitaminas do complexo B, além de ômega 3.

Segundo o pesquisador da Embrapa, as raças são predominantemente taurinas de porte, diferente do resto do país, que tem um predomínio de raças zebuínas. “No Pampa Gaúcho pode ter a zebuína na composição das cruzas, mas não pode ser uma composição de sangue predominantemente zebuíno, tem que ser ao contrário, raças taurinas. E sendo um sistema predominantemente pastoril de produção de carne, obviamente pode haver a utilização de grãos para suplementar”, esclarece. Ele também afirma que é permitido o uso de herbicidas para controle de plantas daninhas e acaricidas para controle de carrapato, por exemplo, tudo dentro da legislação vigente.