Blog •  01/12/2023

Conheça as vantagens da pulverização com drones em florestas

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Agilidade, economia em mão de obra e equipamentos, conservação do solo e sustentabilidade são alguns dos benefícios da pulverização com drones 

A utilização de drones para pulverização agrícola tem ganhado cada vez mais espaço no agronegócio brasileiro. Além de contribuir para o bom desempenho da produtividade em lavouras, o equipamento também apresenta benefícios quando utilizado em áreas de florestas cultivadas.

O professor de Ecotoxicologia dos Agrotóxicos do Centro Universitário da Fundação Educacional de Barretos (UNIFEB), Claudinei da Cruz, explica que a aplicação de herbicidas via drone em florestas plantadas ou nativas pode ser feita na fase inicial do plantio, na fase do estabelecimento das mudas e no controle de rebrotes de eucaliptos. 

“O produtor pode aplicar na linha ou em área total, com herbicidas seletivos, e obter um excelente resultado no controle das plantas daninhas para as culturas. Porém, a aplicação entrelinha com herbicidas não seletivos ainda é questionável do ponto de vista da execução, por causa do efeito da deriva ou do contato do herbicida com as mudas.”

Cruz ressalta que, na fase do plantio, a aplicação pode ser feita em área total. Além da ampla faixa de cobertura da aplicação via drone, é possível ter um efetivo controle das plantas daninhas durante a fase de matocompetição com as florestas, principalmente na fase do estabelecimento das mudas. Em áreas de florestas plantadas, também já existem dados sobre a eficiência da aplicação.

“Na área de reflorestamento com árvores nativas, ainda não há dados sobre o efeito ou a eficiência da aplicação porque são condições de estabelecimento de cultivos diferentes, mas a aplicação via drone tem sido eficiente no manejo de plantas daninhas nos cultivos de eucalipto, de pinus ou até mesmo de acácia.” 

Vantagens da pulverização com drone

Para o professor, as principais vantagens da aplicação via drone estão relacionadas à diminuição do volume de calda aplicada e economia de água. Se o produtor trabalhar com herbicidas concentrados e economizar água na preparação de calda, é possível alcançar maior eficácia no controle de plantas daninhas. Isso acontece devido à maior concentração de ingredientes ativos pulverizados por unidade de área, sem os efeitos negativos dos altos volumes de caldas usados em outros tipos de pulverização.

Outra grande vantagem é a capacidade de dispersão de gotas que as pontas de aplicação que equipam os drones conseguem fazer. Ele também destaca a economia de mão de obra com a utilização de drones, já que é necessário um preparador de calda e o operador do equipamento. “O produtor não precisa deslocar grandes volumes de água e equipamentos para a área de aplicação, e pode evitar efeitos que os tratores e outros equipamentos de aplicação terrestre causam, como a compactação do solo.” 

Maior alcance e efetividade 

Embora as condições de aplicação ainda precisem ser melhor estudadas, o professor ressalta que o drone consegue trabalhar em áreas montanhosas ou com grande declividade, e obtém um excelente resultado no controle das plantas daninhas nas culturas de floresta plantada.

“O drone é um complemento importante à aplicação terrestre no cultivo de florestas. Ele consegue chegar em áreas onde o equipamento terrestre, às vezes, não consegue trabalhar, evitando que o produtor tenha altos custos com mão de obra para ir até estes locais de difícil acesso.” 

Cruz explica que a aplicação via drone pode garantir uma maior uniformidade e uma melhora na dispersão das gotas dos herbicidas, contudo ainda são necessárias algumas padronizações, como altura e planos de voo em relação ao vento. A distribuição das gotas e a uniformidade da dispersão de gotas irá depender do conhecimento técnico do operador, que determina previamente a faixa de cobertura para cada tipo de aparelho, altura de voo e condições ambientais de aplicação.

Sustentabilidade

A pulverização via drone também contribui para um plantio de florestas mais sustentável, especialmente quando se trata de economia de água e diminuição dos custos de operação de aplicação. “A agricultura utiliza muita água, então considero que é uma grande contribuição em termos de sustentabilidade”, enfatiza o professor.

A pulverização com um produto mais concentrado traz maior efetividade de coberturas no alvo, o que pode contribuir para diminuir a dinâmica ambiental do produto após a aplicação, como o escorrimento da folha, o efeito nos microrganismos do solo ou o desvio do produto para o lençol freático ou águas superficiais. “A deriva pode ser um fator limitante, mas de uma forma geral a aplicação de herbicidas via drone deve contribuir para uma maior sustentabilidade das aplicações.” 

Cuidados necessários na utilização de drone pulverizador

O professor orienta que o maior cuidado que o produtor deve ter é escolher um herbicida que tenha registro para florestas. “Você vai trabalhar com um produto concentrado e, do mesmo jeito que ele pode diminuir a dinâmica, também pode causar efeitos de fitotoxicidade. Esse é um ponto importante que deve ser levado em consideração.” Além desse registro para culturas florestais, é necessário constar nas bulas dos produtos a recomendação para aplicação aérea e, preferencialmente, específica para aplicação com drones.

Também é importante verificar as condições ambientais de aplicação e ter cuidado no preparo de calda. Como o drone não tem misturador, é necessário fazer uma excelente pré-mistura de calda e sempre respeitar a legislação que orienta sobre a aplicação com drone.

“É preciso que o operador do drone seja habilitado em aplicação remota. Ele deve conhecer as condições de aplicação para não causar nenhum efeito negativo, especialmente em termos de deriva ou de fitotoxicidade ou qualquer outro problema ambiental. Isso é fundamental para uma aplicação de qualidade.” 

O mapeamento da área de aplicação é feito pelo próprio equipamento de aplicação, mas ele também pode ser corrigido e ajustado com o apoio de bases RTKs, que enviam um sinal de correção do erro do GPS para o drone trabalhando em campo.

Atualmente, também são utilizados drones de captura de imagem, que transferem as imagens para o drone de aplicação, para determinar a área que será pulverizada. 

A aplicação também pode ser feita de forma manual diretamente pelo operador. Ao compor o mapeamento do plano de voo do drone, ele deve considerar as condições ambientais de temperatura, de vento e de umidade relativa. “O drone deve fazer sempre um voo cruzando o vento, de forma que você consiga ter uma sobreposição das faixas laterais de aplicação para obter uma excelente cobertura”, ressalta. 

Treinamento e habilitação de drone agrícola

Em 2021, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) publicou a Portaria 298-2021, que estabelece as regras para a operação de aeronaves remotamente pilotadas (ARPs) destinadas à aplicação de defensivos agrícolas, fertilizantes, inoculantes e corretivos de sementes. 

Segundo a portaria, os operadores de drone devem participar de cursos para a formação de pilotos de aeronaves remotamente pilotadas, conhecidos como Cursos de Aplicação Agrícola Remota (CAARs).

Neste treinamento, eles terão uma base técnica da operação do equipamento e da aplicação e serão capacitados nos temas de legislação dos agrotóxicos, toxicologia, ecotoxicologia de produtos, dinâmica ambiental, segurança de operação, planejamento de aplicação, preparo de calda e tecnologia de aplicação. 

“A habilitação é fundamental para a qualidade da aplicação, porque o operador passa a ter uma visão global do processo e não somente do equipamento. Isso melhora sua tomada de decisão e sua capacidade de determinar planos de voos mais assertivos. Especialmente quando se trata de operação de drones em áreas florestais, esse é um ponto fundamental”, conclui Claudinei.