Estreita o ágio entre a arroba do boi comum e do padrão China
A necessidade de compra da indústria está menor e tem refletido em cotações frouxas no mercado do boi gordo.
A necessidade de compra da indústria está menor e tem refletido em cotações frouxas no mercado do boi gordo.
O desempenho da exportação ainda é baixo. Até a terceira semana de abril, diariamente, exportamos 5,6 mil toneladas de carne bovina in natura, frente as 8,3 mil toneladas da média diária de abril/22, uma queda de 32,7%.
Tal desempenho, associado ao estoque grande de carne nas indústrias, tem pressionado a cotação do boi.
Desde 13 de abril, vemos um movimento descendente para a cotação da arroba, tanto do boi comum quanto do “China”. Veja o comportamento dos preços do boi gordo (R$/@), em São Paulo, na figura 1.
Figura 1.
Cotação do boi gordo destinado aos mercados interno e externo (“boi China”), em R$/@, preços brutos e a prazo, em São Paulo.
Fonte: Scot Consultoria
Para entrar na conta, temos a China ofertando preços menores pela tonelada de carne a ser exportada, prejudicando a margem da indústria frigorífica, o que tende a manter a pressão baixista para a arroba no curto prazo.
Apesar da queda na arroba do boi gordo, o momento é bom para investir, principalmente pensando nas categorias de reposição mais jovens.
Seja para giro rápido (boi magro) ou longo (bezerro), atualmente, o poder de compra está melhor em boa parte das principais praças pecuárias.
A quantidade de arrobas de boi gordo necessárias para a aquisição de um bezerro desmamado diminuiu em todas as praças apresentadas, com exceção do Tocantins, estado em que a queda na referência de preço do boi gordo foi maior que a do bezerro de desmama. Veja na figura 2
Figura 2.
Relação de troca: quantidade de arrobas de boi gordo necessárias para a compra de um bezerro de desmama. Data de referência: 25 de abril de 2023.
Fonte: Scot Consultoria
O mesmo cenário foi visto para a relação de troca com o boi magro no Tocantins. Em Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Bahia e Paraná, também houve queda no poder de compra. Isso mostra que é necessário um acompanhamento refinado dos custos, a fim de realizar bons negócios de curto prazo. Veja na figura 3.
Figura 3.
Relação de troca: quantidade de arrobas de boi gordo necessárias para a compra de um boi magro. Data de referência: 25 de abril de 2023.
Fonte: Scot Consultoria
Frente às oportunidades, vemos quatro cenários:
1. Aquele pecuarista que não tem caixa guardado e está com o seu pasto degradado, terá de reduzir rebanho.
2. Se está sem caixa, mas o pasto é de boa qualidade e produção, é possível terminar os bovinos com peso maior, obtendo maior renda.
3. Quando possuir caixa, mas não tiver pasto, o ideal é investir nas pastagens para, futuramente, aumentar a produtividade.
4. Se possui caixa e o pasto está com boa qualidade, é possível aumentar o rebanho.
Dentro desses cenários, a qualidade da pastagem é essencial para um bom desempenho da fazenda.
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O fluxo de caixa seria ideal agora, uma vez que é possível aumentar o estoque de arroba dentro da fazenda no momento em que a arroba está “mais barata”, para ser vendida em anos de alta do ciclo pecuário de preços.
Em grande parte das praças, a boa oferta de gado terminado permitiu o alongamento das escalas de abate dos frigoríficos. Ainda há fêmeas vazias a serem descartadas, o que deverá manter as cotações pressionadas.
O movimento de queda, típico para a entressafra, deverá acontecer este ano, diferentemente do que foi em 2022.
Com a expectativa de maior oferta de gado neste ano, a necessidade da indústria em realizar contratos a termo, a fim de garantir bovinos para abate, está menor.
O relato que chega da indústria é que, comparado ao mesmo período do ano passado, a quantidade de gado negociado a termo está menor, sendo ofertado esse tipo de negociação, principalmente, a produtores parceiros de longa data.
Apesar da perspectiva de preços frouxos no curto e médio prazos, é possível obter bons resultados com o preço da reposição, também menor, além da queda no preço dos insumos para a alimentação concentrada.