Blog •  25/10/2023

Grupo lança guia e amplia ações pelo bem-estar animal de bovinos

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Publicação traz formas alternativas de identificar os animais para promover o bem-estar animal

Uma publicação de pouco mais de 20 páginas que explica as desvantagens do uso da marca de fogo no gado e orienta sobre como identificar os animais de formas alternativas. É assim o Guia de Boas Práticas, lançado em junho pelo projeto Redução da Marca a Fogo, uma iniciativa conduzida pela BE.Animal, pelo Grupo de Estudos e Pesquisas em Etologia e Ecologia Animal (ETCO), da Unesp de Jaboticabal (SP), e pela Agropecuária Orvalho das Flores, com apoio das empresas JBS/Friboi, MSD Saúde Animal e Allflex.

Marcação de gado a ferro quente

De acordo com a publicação, além de causar dor, expor os animais a infecções e alterar o comportamento deles, a prática – que envolve, na verdade, mais de dez marcas por indivíduo – é difícil também para os vaqueiros e representa perdas econômicas para a indústria do couro. A alternativa é combinar métodos de identificação como tatuagem e brinco sisbov para reduzir o sofrimento dos animais, as horas de trabalho relacionadas à identificação e o risco de acidentes – e o guia explica como fazê-lo. 

Tanto o projeto – que existe desde 2020 – quanto o documento são apenas duas das ações nas quais o Grupo ETCO e a Agropecuária Orvalho das Flores estão envolvidos. Criado em 1992, o grupo de pesquisa conduz pesquisas sobre comportamento animal visando encontrar alternativas para resolver problemas práticos da criação e proporcionar bem-estar aos animais. Desde 2006, as propostas são levadas para dentro da fazenda de pecuária de corte em Barra do Garças, sob comando de Carmen Perez.

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“Desde que me mudei para a fazenda, em 2002, os manejos eram um ponto de conflito emocional para mim. Eu não compreendia por que um trabalho tinha que ser tão violento para os animais e para as pessoas”, relembra Carmen. “No fim de 2006, tive o primeiro contato com o professor Mateus Paranhos [coordenador do ETCO] e marcamos um curso na fazenda no começo de 2007. Ele ficou uma semana aqui, andou por tudo, conheceu todas as equipes. Foi o primeiro passo para as mudanças no manejo.”

No caso da marca a fogo, ela foi abolida na Orvalho das Flores há quatro anos – exceto no caso da brucelose, obrigatória. Ali, a opção foi por brincos eletrônicos, cujas informações digitais podem ser facilmente lidas por bastões também eletrônicos – e com índice de erro de apenas 2%, ante os 18% das marcas a fogo. “Foi um projeto que amadurecemos durante muito tempo. O professor vinha e eu dizia: ‘Mateus, estou muito incomodada com a marcação a fogo. O que podemos fazer para mudar essa forma de identificação? E ele trouxe a ideia de usarmos o brinco”, conta Carmen.

Com base nessa experiência, o projeto pela redução tomou forma e foi levado a outras quatro fazendas, que fizeram cerca de 68 mil marcas a fogo a menos em um ano.

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Outras mudanças para melhorar a vida dos animais na pecuária

O trabalho desenvolvido em parceria com o Grupo ECTO – e a amizade que surgiu entre Carmen e Paranhos devido ao interesse comum em melhorar a vida dos animais na pecuária de modo geral – acarretou outras mudanças tanto no manejo no curral como no campo. “Falamos muito em curral, mas a interação no campo é tão importante quanto”, explica a pecuarista.

Entre elas estão a adoção da vacinação de bovinos no tronco de contenção, os manejos da maternidade logo após o nascimento, incluindo a desmama de bezerros lado a lado e o uso de piquetes de apoio para soltá-los. “Eu abri as porteiras para receber o Grupo ETCO e nós fomos trocando ideias do que seria interessante. Então, muitas pesquisas foram realizadas ao longo desses anos e pelo menos uma vez por ano eles estão aqui”, diz Carmen.

Documentário “Quando ouvi a voz da terra”

 

Depois de mudar práticas em sua fazenda, Carmen decidiu ampliar a discussão sobre bem-estar animal com o filme documental “Quando Ouvi a Voz da Terra”, de 2021 – que virou uma série em 2022 e, em 2024, ganha novo capítulo. A obra tem patrocínio ouro da Corteva Agriscience.

“Esse novo filme é muito especial, porque há um amadurecimento da minha parte como comunicadora e passei a compreender, junto com meus sócios, Flávia Tonin e Nando Dias Gomes, o que é importante trazer para o filme”, conta.

O novo filme, que terá pré-lançamento no Congresso Nacional das Mulheres do Agronegócio, em outubro, com cenas inéditas, vai discutir bem-estar animal e as questões ambientais relacionadas ao agro, com especialistas como a norte-americana Temple Gradin, Mateus Paranhos, Fernanda Macitelli Benez, Caio Penido e Aldo Rebelo.

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