Blog •  25/05/2023

Mulheres inspiradoras: a história das Irmãs Coragem da pecuária

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Em cinco anos, as pecuaristas Caroline e Bárbara Carvalho transformaram a propriedade da família, com uma produção sustentável e rentável 

Há cinco anos, no município de Castilho, interior de São Paulo, duas jovens recém-formadas decidiram abandonar suas carreiras para empreender na atividade pecuária. Sem experiência, mas com muita disposição para aprender, a advogada Caroline Carvalho e a jornalista Bárbara Carvalho iniciaram sua jornada em um ambiente totalmente desconhecido, mas cheio de oportunidades.

Hoje, as jovens pecuaristas – que em 2019 não tinham animal algum – já contam com um rebanho de 750 bovinos. Com muito trabalho e dedicação, elas dividem a gestão da Fazenda Arizona, de 704 hectares, que tem metade da área destinada ao arrendamento de cana e a outra parte voltada à criação de gado nelore e angus, de produção de ciclo completo no sistema semi-intensivo.

Parceiras inseparáveis, Caroline, de 29 anos, e Bárbara, de 27, são carinhosamente conhecidas como as Irmãs Coragem. 

A mãe como inspiração

“A nossa relação com o agro começou quando éramos crianças. Nossa família sempre teve propriedade rural, era normal passarmos as férias na fazenda”, lembra Caroline.

A rotina mudou quando a mãe, dona Glória Carvalho, decidiu arrendar parte da fazenda para produção de cana-de-açúcar e a outra parte, menor, para a pecuária, com o intuito de ter mais tempo com a família. Nesse período de estudos na escola e posteriormente na faculdade, Caroline e Bárbara diminuíram o contato com o campo.

Em 2016, Caroline se formou e no ano seguinte decidiu morar fora do país com a Bárbara, que trancou a matrícula da faculdade. Em 2018, quando retornaram ao Brasil, assumiram a gestão da Fazenda Arizona e Bárbara concluiu o último ano da faculdade. Sob o olhar atento de dona Glória, a principal inspiração das irmãs, elas começaram a escrever a sua própria história.

“Desde criança observávamos as atitudes dela e a forma como cuidava da fazenda, como lidava com a questão de ser mãe, proprietária e produtora – tudo ao mesmo tempo. Nesse quesito, ela foi o nosso maior exemplo, por ser uma pessoa com garra, perseverança e superação de vida”, afirmam as pecuaristas, em concordância.

Não foi uma trajetória fácil. Quem observa a delicadeza na fala das pecuaristas não imagina o quanto elas precisaram lutar para conquistar o respeito que têm hoje.

“O nosso maior desafio foi pelo fato de nós sermos mulheres jovens e liderarmos uma fazenda. No início, foi preciso lidar com essa diferença de gênero dentro do setor e foi necessária muita resiliência para conseguirmos nos impor diante de pessoas que já atuavam no mercado há muito mais tempo do que nós”, conta Bárbara. 

Parceria com a Corteva

A Fazenda Arizona é cliente da Corteva Agriscience há mais de 20 anos. Para Bárbara, os produtos da Corteva Agriscience têm uma atuação muito mais eficaz a longo prazo em relação a outros do mercado.

“Notamos que a reincidência das invasoras reduziu ao longo dos anos e isso impacta diretamente no custo de produção e manutenção de pastagens, que tem a tendência de diminuir ao longo dos anos”, afirma.

Caroline conta que a grande invasora na região da fazenda é a malícia, planta com muitos espinhos que machucam algumas categorias de animais. Com o uso do defensivo, elas perceberam uma redução no número de animais machucados.

“O funcionário não precisa utilizar medicamento para curar esses animais, o que representa menos custo e é muito melhor para a produção. Quanto mais limpos os nossos pastos estiverem, maior é a produtividade de capim e o ganho de peso dos animais. E também conseguimos aumentar a taxa de lotação”, diz Caroline.

Mais produtividade com o pastejo rotacionado

O pastejo rotacionado é muito valorizado pelas pecuaristas. Segundo Caroline, este sistema permite mensurar a capacidade de lotação da propriedade, associada a uma maior taxa de lotação no período das águas e à adubação correta. Isso reflete em uma desmama mais pesada e animais de descarte em ótimas condições corporais, o que também traz um resultado financeiro maior.

“O manejo de pastagem é um tópico muito importante para nós, porque hoje o pasto é o nosso maior bem. Nós tratamos a pastagem como lavoura, porque sem ela nós não conseguimos uma produção de alta qualidade”, enfatiza Caroline. 

Anualmente, elas fazem uma programação do manejo de pastagem, com base na análise de solo. O calendário, definido em conjunto com o engenheiro agrônomo, estabelece os pastos que serão reformados ou a formação de uma nova pastagem.

“Nós percebemos o impacto na produtividade do pastejo rotacionado. Ele aumenta a produtividade do capim, porque permite que os animais tenham uma entrada e saída correta do piquete. Também permite que os funcionários de campo possam aferir a altura da forrageira. Isso contribui para um desempenho nutricional do animal e do capim”, diz Caroline.  

Para Bárbara, a conversão de capim em proteína animal é essencial para uma produção mais rentável. Por isso, ela considera que a principal ação sustentável da fazenda é a adubação do solo.

 “Quando temos um pasto devidamente tratado, o rebanho ganha peso em um curto período de tempo. Por isso, hoje nós temos feito o abate de animais precoces, o que contribuiu para o meio ambiente. O animal fica menos tempo na fazenda e assim, ao longo dos anos, há uma redução na emissão de metano.” 

 

Bem-estar animal e sustentabilidade

Na fazenda, que adota práticas de bem-estar animal, o rebanho tem acesso a água limpa e fresca, além de sombreamentos com as árvores nativas. Todos os pastos têm bebedouros de concreto, centralizados nas praças de alimentação, e que recebem limpeza semanalmente. Os animais têm acompanhamento nutricional, dirigido para cada lote, de acordo com a categoria e idade.

O curral é antiestresse e o tronco de contenção é um dos mais modernos do mercado, com proteção na pescoceira, e faz menos barulho durante o uso, deixando os animais mais tranquilos.

“Percebemos que a forma com a qual os funcionários tratam os animais é essencial para que esse estresse seja evitado. Por isso, no manejo do rebanho, eles são instruídos a conduzir os animais de uma forma calma, sem gritos”, conta Bárbara.

Gestão eficiente

Desde o início da gestão, elas são acompanhadas e orientadas por um engenheiro agrônomo e também contam com outros serviços de apoio, como consultorias de nutrição animal, de herbicidas e médicos veterinários.

Para Caroline, o software de gestão para controle do rebanho e controle financeiro é o grande aliado no dia a dia da fazenda. “Qualquer programa de gestão sempre será bem-vindo e é muito valioso para qualquer propriedade, porque, com com ele, conseguimos ter fácil acesso aos dados e maior agilidade nas tomadas de decisão.” 

A comunicação com a equipe é diária, os funcionários participam das visitas técnicas do engenheiro agrônomo e são orientados pelos representantes de defensivos agrícolas que vão à propriedade.

“Em nossa gestão, sempre buscamos usar produtos que tenham tecnologia e estamos sempre testando e comparando produtos para analisar os resultados na propriedade. Acreditamos que a inovação nos possibilita introduzir novas tecnologias e criar uma produção mais sustentável. Nunca podemos esquecer que a ciência está sempre ao nosso lado e deve ser nossa aliada”, comenta Caroline.

Inovação e melhorias

Segundo Bárbara, várias melhorias foram implantadas na fazenda, todas com impacto positivo na redução dos custos e otimização dos processos. Entre elas estão a divisão de pastagens com pastos rotacionados, a cerca elétrica e o curral antiestresse de concreto.

“O curral permitiu otimizar as operações de gado na propriedade. Hoje, nós conseguimos trabalhar com mais animais na estação de monta. O manejo dos bezerros e dos animais de grande porte ficou muito mais ágil. Isso reduz o estresse e a perda de peso, o que reflete na redução de custos.”

O uso da balança eletrônica, que fornece maior precisão do peso dos animais, ajudou a analisar o ganho de peso conforme o pasto em que o animal está. O equipamento também ajuda na análise da suplementação animal, indicando se o sal mineral ou proteico teve resultado expressivo no ganho de peso.

O creep-feeding – suplementação concentrada em locais restritos aos bezerros – foi outra inovação na fazenda. A técnica auxilia na eficiência alimentar, no ganho de peso e, dependendo do lote, proporciona uma desmama mais pesada. “As matrizes têm maior eficiência reprodutiva, porque, com o auxílio do creep-feeding, elas não ficam tão esgotadas na amamentação”, conclui Bárbara.