Mercado do Boi Gordo: Até 2033, o Brasil deverá exportar 27,5% mais carne bovina
Veja as últimas tendências do Mercado do Boi Gordo no Brasil, a queda nos preços do boi gordo, a expansão das exportações e as projeções de crescimento até 2033.
Veja as últimas tendências do Mercado do Boi Gordo no Brasil, a queda nos preços do boi gordo, a expansão das exportações e as projeções de crescimento até 2033.
O mercado físico do boi gordo cedeu à pressão de baixa e os preços caíram em fevereiro.
Em São Paulo, a cotação do boi gordo caiu 2,3% no mês. Veja na tabela 1 as cotações do boi gordo em diferentes praças pecuárias.
Tabela 1
Preço do boi gordo, em R$/@, a prazo e livre de impostos (Senar e Funrural)
Fonte: Scot Consultoria
A oferta de boiada está maior que a demanda vigente.
No mercado interno, ao fim de fevereiro, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) apontou a manutenção do nível de desemprego no país (7,6%) no trimestre encerrado em janeiro/24.
Segundo o IBGE, a renda domiciliar per capita nominal mensal cresceu 16,5% em 2023, o que auxiliou na melhoria do escoamento da carne bovina no mercado interno, principalmente com a queda de preços da carne ao longo do ano e nestes primeiros meses de 2024.
Do lado da exportação, ao menos em volume exportado, o ritmo está firme e há boas perspectivas. Janeiro foi recorde para o mês e, em fevereiro, há a possibilidade de mais uma quebra de recorde.
Até a quarta semana de fevereiro, a exportação de carne bovina in natura somou 143,5 mil toneladas, média diária de 9,6 mil t/dia, aumento de 36,2% em relação à média diária reportada em fevereiro/23.
O preço pago pela tonelada da carne bovina exportada está em US$4,53 mil, retração de 6,5% em relação à média de fevereiro/23. O faturamento diário em fevereiro, até o momento, foi de US$43,4 milhões/dia, crescimento de 27,4% na comparação anual, em função do maior volume exportado.
Em fevereiro, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) apresentou perspectivas para o agronegócio até 2033/34.
As projeções para a exportação de carnes entre 2025-2033 apontam para um crescimento expressivo da comercialização de carnes.
As exportações de carne de aves e suína devem ter aumentos de 18 e 19%, respectivamente, puxado pela maior procura pelos consumidores nos países em desenvolvimento e países emergentes.
Para a carne bovina, os números também são animadores. O comércio global deverá crescer 13%, puxado, principalmente, por maior procura dos países asiáticos.
O Brasil manterá a liderança mundial em carne bovina e de frango, com melhora na posição das vendas externas de carne suína, passando a terceiro maior exportador mundial, atrás de União Europeia e Estados Unidos.
A exportação brasileira de carne de aves deverá crescer 31% no período, atingindo 6,8 milhões de toneladas. Para a carne suína, a expectativa é de que as vendas brasileiras aumentem 39%, passando a 2,3 milhões de toneladas de equivalente carcaça (teq).
A exportação de carne bovina deve crescer 27,5%, passando a 3,8 milhões de teq.
Dentre os principais compradores de carne bovina, a China deverá passar a assumir até 30,3% do mercado, aumentando o volume de compras em 10%, chegando a 3,9 milhões de teq. em 2033, à medida que a demanda supera o crescimento da produção doméstica.
Até 2033, Coreia do Sul e Japão devem seguir como terceiro e quarto maiores importadores de carne bovina do mundo, destacando-se o mercado sul-coreano, que deverá ter crescimento de 29%, acréscimo de 214,0 mil teq. até lá. Para o mercado japonês, projeta-se um crescimento de 49 mil toneladas, totalizando 818 mil teq.
Se confirmada a expectativa de abertura desses mercados à nossa carne ainda em 2024, será benéfico para o Brasil.
O mercado do boi deve seguir pressionado para baixo. Dentro do ciclo pecuário de preços, 2024 deverá ser um ano de transição da atual fase de baixa.
Nos próximos meses (março a maio), a oferta de boiadas tende a aumentar, com maior concentração do descarte de fêmeas no primeiro semestre e o peso do clima influenciando no descarte de machos.
No mercado futuro, os preços tiveram forte queda. Destacamos, a seguir, alguns pontos relacionados ao clima e estratégias para tentar reter, ao máximo, as boiadas na pastagem, procurando melhor momento à venda – que, sazonalmente, dentro do ano, concentra-se no segundo semestre.
O mercado agropecuário sentiu os efeitos do El Niño.
O volume de chuvas abaixo da média histórica (normal climatológica) no Centro-Norte (figura 1) pesou à qualidade das pastagens e impactou o mercado do boi gordo.
Figura 1
Anomalia de precipitação trimestral (novembro/23, dezembro/23 e janeiro/24) no Brasil
Fonte: Inmet
Em fevereiro, as chuvas retornaram no Brasil e bons volumes foram reportados. Apesar dos bons volumes, a precipitação esteve abaixo da média histórica em boa parte do país (figura 2).
As águas de março fecham o verão. Esperamos menor precipitação em março e, a partir de abril, o início do outono marca a entrada do período seco no Brasil Central.
Em meio a um momento de menor pluviometria na virada de ano. Com as chuvas em fevereiro, o diferimento, ou vedação de pastagens, pode ser uma boa aliada do pecuarista.
Figura 2
Acumulado de precipitação nos últimos trinta dias e anomalia de precipitação, em mm
Fonte: INMET / CPTEC
A técnica consiste no descanso de uma parte da área de pastagem da propriedade, antes do término do período chuvoso, com o objetivo de acumular e transferir a forragem que será consumida no período de seca pelos animais.
A área selecionada geralmente não participa do pastejo de verão e a escolha é feita, geralmente, no terço final do período das águas. Durante o período de seca, a área é ofertada ao gado de maior demanda nutricional.
Deve-se tomar cuidado com o tempo de vedação, para evitar crescimento demasiado e possibilidade de acamamento, além do acúmulo da biomassa desejada. A época e a escolha da pastagem vão depender de fatores que mudam conforme a região.
As plantas mais indicadas para vedação são aquelas de baixo acúmulo de talos e boa retenção de folhas verdes. As espécies mais utilizadas são as do gênero Brachiarias e Cynodons (Embrapa).
Além do diferimento de pastagens, destacamos outras sugestões para os “Cuidados e manejo da pastagem no início do período seco”.