Blog •  06/07/2021

Pesquisador desenvolve “reconhecimento facial” para bovinos

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Pesquisador desenvolve “reconhecimento facial” para bovinos

Sistema facilita o dia a dia do pecuarista e tem custo acessível

Reconhecimento “facial” para bovinos. Isso é mesmo possível? Sim! Além de ser viável, é uma inovação que vem sendo desenvolvida no Brasil pelo pesquisador Fabrício de Lima Weber, da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS).

Para Weber, a tecnologia – de um modo geral – pode trazer mais agilidade ao campo no manejo dos animais, no processo de pesagem e na classificação de escore de condição corporal. Ao desenvolver o projeto, Weber conta que também levou em consideração a utilização de câmeras robustas, que possam ser instaladas facilmente e adquiridas por um preço acessível.

“A identificação dos animais de forma barata, rápida e segura é de extrema importância para grande parte das funcionalidades de um sistema de manejo, o que facilita os processos zootécnicos e as atividades de controle para apoiar a contabilidade de bovinos”, explica.

Urbano Gomes Pinto de Abreu, pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Empraba), ressalta que a tecnologia está sendo desenvolvida a partir do uso de câmeras normais de segurança, que custam cerca de R$ 100,00. “Ou seja, trata-se de tecnologia acessível a qualquer produtor”, salienta.

Vantagens para o pecuarista

O método viabiliza o rastreamento e o registro do histórico de dados referente ao manejo sanitário de cada animal – desde o nascimento até o abate. Dessa maneira, atende às exigências de rastreabilidade por parte de importadores e de nichos de mercados mais rigorosos como, conforme exemplifica Weber, os que estão preocupados com certificação de origem da carne bovina.

Ainda de acordo com Weber, os métodos existentes carecem de práticas que forneçam as mesmas vantagens, garantam o bem-estar animal e contribuam para o acompanhamento de informações. “A utilização de um método menos invasivo para a identificação de bovinos por meio de imagens, com apoio da visão computacional e das redes neurais convolucionais (sistemas computacionais que se baseiam nos neurônios cerebrais e que vão extraindo características dos pixels das imagens fornecidas)”, pode colaborar para o alcance desses objetivos, afirma.


Weber testando o sistema de “reconhecimento facial” para bovinos

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Bem-estar animal


Método de “reconhecimento facial” bovino favorece o bem-estar animal

De acordo com Weber, os dados obtidos até o momento indicam  que a técnica testada pode apoiar pesquisadores e pecuaristas no reconhecimento de bovinos Pantaneiros. Porém, outras raças têm mais representatividade econômica. Por essa razão, o pesquisador iniciou a criação de um sistema baseado em visão computacional para a identificação dos animais automaticamente.

Agora, Weber está formalizando uma empresa, a “KeroW – Soluções para Pecuária”, para apresentar o seu produto. Com o apoio e a parceria de instituições, a empresa passa atualmente pelo processo de validação em propriedades rurais para verificar a tecnologia com novas raças de bovinos de corte e leiteira.

Weber conta que, por meio da KeroW, já iniciou a aquisição de imagens de mais duas raças e que pretende, em no máximo dois meses, divulgar os resultados.

“Por meio desse novo sistema, busca-se um método que colabore para o bem-estar dos animais, pois não é invasivo, além de dispensar o uso de brincos e marcação a ferro quente”, afirma Weber.

Desenvolvimento do produto

“O desenvolvimento dessa tecnologia está sofrendo algumas alterações em relação ao processo inicial, como a aplicação de um novo método de seleção dos bovinos nas imagens e a aplicação de arquiteturas de CNNs mais modernas, com o objetivo de melhorar o tempo e a performance dos resultados obtidos”, explica Weber.

Segundo ele, a comercialização desse produto está  atrelada ao sucesso e aos investimentos nas etapas anteriores. “Vale ressaltar que continuam sendo feitas pesquisas por meio da Embrapa e dos programas de pós-graduação com o objetivo de se obter tecnologia própria para identificação facial”, conta o pesquisador.

Como começou a pesquisa?

A ideia começou ainda em 2017, com o projeto de tese para o mestrado de zootecnia de Weber, que contou com a orientação de Urbano Gomes Pinto de Abreu, pesquisador da  Empraba.

“Elaboramos um experimento no qual foram utilizados 51 bovinos da raça Pantaneiros de diversas idades, de ambos os sexos. Para a coleta das imagens, o experimento contou com a instalação de um kit DVR, com quatro câmeras que foram posicionadas na saída do mangueiro”, explica Weber.

O objetivo era adquirir imagens do dorso, do perfil, da lateral e da face do animal. Segundo Weber, essas imagens foram processadas e obtiveram uma acurácia de 99% nos testes. “Demonstrou-se que é possível reconhecer esses bovinos por meio de técnicas de Visão Computacional”. Isso significa que é possível reconhecer os animais por meio de imagens com a utilização de métodos semelhantes aos utilizados pelo Facebook, por exemplo.

Abreu define o trabalho de Weber como inovador e multidisciplinar. Ele pontua que o projeto foi desenvolvido em interface com várias áreas de pesquisa, como ciência da computação, zootecnia, estatística e inteligência artificial.

“Ainda existem muitos pontos a serem pesquisados e desenvolvidos, mas os resultados preliminares são promissores”, garante Abreu.  Ele ainda afirma que um ponto importante nesta fase da pesquisa é a elaboração de um aplicativo eficiente, pois o processamento por meio de aprendizagem de máquina dependerá do programa a ser desenvolvido.

A tecnologia e a agropecuária

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