Blog •  10/11/2023

Seu pasto é uma lavoura: aspectos de atenção no primeiro pastejo

Autor: Marina Mioto, zootecnista, me
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É fundamental olhar atento em certos pontos para garantir o alcance da máxima produtividade no primeiro pastejo, destacando a taxa de lotação e período de entrada e saída dos animais.

 

O primeiro pastejo é uma ação de manejo de grande importância, principalmente por ser o primeiro manejo com os animais na área, para que a formação, recuperação ou renovação do pasto seja adequada.

Após a formação, o produtor deve olhar atentamente para esse ponto, já que tem peso importante para a garantia da boa execução do planejamento da orçamentação forrageira realizada para o próximo ano-safra.

E não deve levar em conta apenas o aspecto da alimentação do bovino, mas também uma série de fatores, ligados à própria pastagem, que serão apresentados a seguir.

Semeadura e o primeiro pastejo

Durante muito tempo, no Brasil, acreditou-se que era necessário o pasto sementear, ou seja, aguardar a forrageira liberar suas sementes, para só depois os animais serem alojados. Essa forma de atuação se devia principalmente ao pensamento de fechamento completo da área e melhor formação. Isso, hoje, com o avanço da qualidade das sementes, não se justifica mais.

Mas, apesar do avanço na qualidade das sementes e pastagens brasileiras, há regras e passos essenciais para garantir um bom desenvolvimento do pasto, além das práticas zootécnicas primordiais para uma boa implementação da pastagem, como luz, radiação, temperatura, relevo, disponibilidade de água, nutrientes do solo, fertilidade do solo etc.

É fundamental, também, respeitar o tempo entre a semeadura e o primeiro pastejo, uma vez que as forragens não germinam e crescem na mesma altura. Para tanto, o tempo necessário para o alcance ideal da altura de entrada depende da espécie e cultivar escolhida, além dos fatores acima citados.

Taxa de lotação

Além da semeadura e do desenvolvimento da forrageira, esse primeiro manejo de entrada deve respeitar a taxa de lotação de bovinos, onde, idealmente, animais leves ou vacas (desde que realizado o devido ajuste de carga) sejam alocados na área, com o objetivo de promover o perfilhamento e crescimento radicular na área, eliminando os pontos de brotação (gemas apicais) e diminuindo a competição, a fim de garantir a qualidade da forragem e seu pleno desenvolvimento.

A introdução dos animais deve ser realizada quando o pasto atinge sua altura ideal de manejo, que corresponde a 80,0% da altura recomendada para pastagens já estabelecidas, ou então no período de 45 a 60 dias após o início da emergência das plântulas.

A altura-alvo de saída dos animais deve ser 20,0% maior que a altura recomendada da pastagem estabelecida, ou então 5,0 a 10,0 centímetros acima da altura recomendada de saída, para que a pastagem se recupere, mantendo as reservas energéticas, e cresça rapidamente.

É importante ressaltar que as alturas de entrada e saída para primeiro pastejo variam conforme a cultivar (tabela 1), não devendo ser ultrapassadas, evitando problemas na pastagem, como menor valor nutricional, menor produtividade, perdas por acamamento, menor eficiência de pastejo e rebrota mais lenta.

Tabela 1. Altura de entrada e saída dos animais em pastejo 

 

Fonte: Embrapa / Elaboração: Scot Consultoria

Como comentado, um aspecto comum e muito perguntado sobre o tema é: devo introduzir os animais após o pasto “sementear”? 

A resposta é não. A entrada dos animais após o período de florescimento do pasto e produção de sementes pode acarretar prejuízos para a produção, como perdas por tombamento, pisoteio e crescimento acima do indicado para pastejo, em razão da pastagem apresentar maior proporção de talo em relação às folhas.

Adubação de cobertura para pastagem

A adubação de cobertura é outro aspecto que devemos levar em conta. A prática é uma ferramenta que auxilia no processo de formação de pastagem.

Para a recomendação da dose de nitrogênio, devem ser levados em conta fatores como estádio de desenvolvimento da planta, clima, sistema de produção e potencial produtivo, além de toda a atenção necessária para o momento de aplicação.

O período de saída dos bovinos é o momento ideal para a adubação nitrogenada, procurando aumentar o perfilhamento e, consequentemente, promover melhores condições para que a pastagem apresente máxima produção, e também por garantir a “energia” proveniente do N para a rebrota seguinte.

O primeiro pastejo, além de apresentar diversas vantagens para a nutrição dos bovinos, promove benefícios para a pastagem e também para o produtor, tendo em vista a garantia de longevidade do material implantado e da produtividade ao longo desses anos.