Blog •  20/09/2023

Sistema Guaxupé une estratégias e eleva produtividade de pastagens no Acre

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Com diferentes forrageiras e consórcio com leguminosas, método permite a manutenção de pastagens produtivas por vários anos.

Um modelo de produção desenvolvido e testado ao longo de mais de duas décadas pode transformar a pecuária intensiva a pasto no Acre. Chamado de Sistema Guaxupé, o método é composto por estratégias que permitem alta produtividade e longa duração das pastagens. O resultado é tanto uma ampliação na produção e na rentabilidade quanto uma redução da emissão de gases de efeito estufa, o que é benéfico para os produtores e para o meio ambiente.

Manejo de pastagem

 “O modelo é baseado na diversificação de forrageiras, no manejo proativo de plantas daninhas, ou seja, com manutenção anual para manter as pastagens pouco infestadas, e também no consórcio com leguminosas, nesse caso, o amendoim-forrageiro”, resume o pesquisador da Embrapa Acre e coordenador dos estudos, Carlos Mauricio de Andrade.

Para chegar a esse método, os pesquisadores da Embrapa Acre contaram com a parceria dos produtores da região, que permitiram que suas fazendas se tornassem campos experimentais da entidade ao longo de mais de 20 anos. 

A união tinha dois principais objetivos: o primeiro era contornar a perda de nitrogênio do solo ao longo do tempo, responsável pela perda de vigor das pastagens e, consequentemente, pela necessidade de frequente manutenção por meio de adubação química. 

Isso foi resolvido pelo consórcio com leguminosas, o que já é estudado pela Embrapa Acre desde os anos 1980. A espécie melhor adaptada para as pastagens da região é o amendoim-forrageiro, que permite a incorporação de até 150 quilos de nitrogênio por hectare ao ano, quando compõe de 20% a 40% da massa de forragem.

Proteção das forrageiras

A segunda meta era encontrar uma forma de proteger as forrageiras das fazendas da região de patógenos que provocavam a morte das plantas. “Na década de 1990, mais de 80% das pastagens eram de braquiarão (Brachiaria brizantha cv. Marandu). Os solos do Acre são mal drenados, então surgiu uma síndrome que acelerou o processo de degradação das pastagens. Isso levou os produtores a buscarem alternativas e a Embrapa a direcionar o foco das pesquisas para encontrar soluções”, conta Andrade.

Nesse caso, a resposta foi a diversificação das forrageiras, com priorização de espécies adaptadas às condições locais de clima e solo, assim como resistentes às doenças e pragas presentes na região. Entre as cultivares utilizadas estão os capins-xaraés, humidicola, mombaça, BRS Zuri, tangola e grama-estrela-roxa.

Para tornar o sistema ainda mais eficiente, as estratégias foram associadas ao manejo proativo de plantas daninhas e também ao manejo adequado das pastagens ao longo do ano, considerando características da fazenda, do rebanho e dos pastos formados.

Produtividade, rentabilidade e sustentabilidade

De acordo com Andrade, o Sistema Guaxupé permite que as fazendas tenham uma produção 50% superior à registrada em “fazendas típicas do Acre”. “Quem adota o sistema trabalha com 12 arrobas por hectare, enquanto a fazenda típica trabalha com 8 arrobas por hectare”, diz o pesquisador. 

Isso se reflete em rentabilidade. De acordo com o coordenador dos estudos, ao adotar o Guaxupé, as fazendas conseguem lucrar o dobro da média da região. “Em 2021/2022, o lucro por hectare nas fazendas que adotam o sistema foi R$ 1.703, enquanto as fazendas típicas lucraram em torno de R$ 800”, detalha.

Mais que isso, o modelo de produção permite que as pastagens continuem produtivas por muitos anos. Na Fazenda Guaxupé, que empresta o nome ao sistema, a última reforma foi em 2002. 

Amendoim-forrageiro

A consorciação do pasto com o amendoim-forrageiro e a longevidade de uma pastagem de alta qualidade evitam a adubação química e a reforma do campo, que seriam responsáveis por altas emissões de carbono. Conforme estudos anteriores, as medidas contribuem para a redução de 30% a 50% da pegada de carbono em sistemas de produção de gado de corte. “Além disso, pastagens mais produtivas são aquelas com maior capacidade de incorporar carbono no solo”, afirma Andrade.

“Assim, você tem uma pecuária mais produtiva e mais sustentável, o que, com certeza, vai ajudar a mudar o estigma da pecuária do Acre e a fazer com que os produtores conquistem mais mercado”, diz ele sobre os impactos mais amplos e a longo prazo da adoção do método produtivo.