Blog •  01/03/2021

Plataforma-S recupera escola agrícola no litoral norte da Bahia

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Plataforma-S recupera escola agrícola no litoral norte da Bahia

Potencial transformador da escola nas comunidades do campo está integrado ao Programa Capacitação-S como ação de sustentabilidade social

No centro de uma região conhecida como Litoral Norte e Agreste Baiano, no Município de Rio Real (BA), comunidade do Distrito Lagoa de Baixo, há uma escola agrícola. Não muito distantes da escola, estão outras seis cidades – Acajutiba, Conde, Entre Rios, Esplanada, Itapicuru e Jandaíra – algumas delas como um IDH (Índice de Desenvolvimento Humano, que mede o grau de desenvolvimento nos quesitos educação, saúde e renda) na faixa dos mais baixos níveis de desenvolvimento do mundo.

Nessas cidades vivem cerca de 650 mil habitantes, sendo mais da metade dependente do Programa Bolsa Família para viver – outro reflexo da distribuição de renda estar abaixo da média do país, que nos coloca em 9º lugar no triste ranking dos países com a pior distribuição de renda do mundo. E, ainda assim, com tantas dificuldades financeiras e problemas sociais, a região tem um grande potencial para se desenvolver: é a maior produtora de citrus fora do estado de São Paulo e conta com comunidades batalhadoras, que se esforçam para promover maior prosperidade.

Mas o que essa história tem a ver com sustentabilidade na pecuária? Tudo, se pensarmos que sustentabilidade é a certeza de um futuro e que essa certeza só é possível integrando o sucesso na agropecuária à preservação do meio ambiente e ao enriquecimento das comunidades agrícolas; tudo junto e ao mesmo tempo – porque um crescimento gera o outro.

Foi pensando assim que Marcelo Leão, representante comercial da Linha de Pastagens Corteva, e Ricardo Lyra, diretor comercial da Rural Produtos Agropecuários, vislumbraram a possibilidade da Plataforma-S – canal que reúne os compromissos de sustentabilidade da Linha Pastagens Corteva – promover a recuperação e expansão das atividades da EFALN (Escola Família Agrícola do Litoral Norte).  “Tudo começou quando apresentei a Plataforma-S ao Ricardo Lyra e ele comentou sobre as escolas agrícolas que existem no norte da Bahia. Imediatamente pensei em fazer intervenções em uma dessas escolas para ajudar a desenvolver melhores profissionais no meio rural e em suas famílias”, conta Leão. “É uma região bastante promissora, mas que tem um grande problema de distribuição de renda, como é comum em todo o país”. completa.

Em pouco tempo, a ideia virou um projeto, por meio da frente de atuação Social da Plataforma-S e seu programa Capacitação-S. E, como tal, tem os objetivos de melhorar a capacitação técnica das pessoas das comunidades, dar condições para que estudem e progridam e, assim, proporcionar emprego e renda para os alunos e seus familiares. Conforme explica Osmar Pereira de Souza, gestor da EFALN desde 2016, a escola tem “uma visão religiosa e social fortalecendo as práticas agrícolas dos pequenos agricultores que matriculam seus filhos na busca por conhecimento. A princípio, a ideia é qualificar o homem do campo, mas não deixamos os alunos da cidade fora dessa qualificação, visto que estamos em uma região agrícola”. Nas palavras de Leão, para expressar o potencial de transformação social do projeto, “queremos mudar a vida de muitas famílias, de forma definitiva, para muito melhor”.

Sob a liderança do próprio Marcelo Leão, além da Corteva Agriscience, integram também o projeto a Rural Produtos Agropecuários, empresa com 25 anos de atuação nesse mercado, que tem uma de suas lojas no município, e que irá intermediar os recursos financeiros, monitorar, orientar e desenvolver ações de capacitação técnica; e, ainda, Paulo Sérgio S. Ramos, engenheiro agrônomo da Perene Agronegócios, empresa já contratada para executar e acompanhar as ações previstas até sua entrega final.

Urgência em sobreviver

Como entidade filantrópica, mantida por uma associação de agricultores locais (AMEFAL – Associação Mantenedora da Escola Família Agrícola do Litoral Norte) em convênio com a Secretaria Estadual de Educação, os recursos da EFALN são extremamente limitados. A situação se agrava pela escassez de alunos atuais, decorrente não só das dificuldades de boa parte da população em manter um familiar na escola, longe de casa, por alguns dias – uma vez que, na prática de alternância, os alunos devem morar 15 dias por mês na escola e a outra quinzena em casa; mas, principalmente, por conta da precariedade das instalações e de recursos da EFALN. “Para a escola realmente sair do sufoco, precisamos trabalhar com pelo menos 150 alunos/ano”, lamenta o diretor Souza. “Hoje, nessa situação, está difícil montar uma turma de 30 alunos – dos quais, em média, apenas 23 vão continuar frequentado a escola”.

A possibilidade de um novo amanhã

O projeto de recuperação da EFALN está sendo pensado de forma a torná-la uma rampa de inclusão e desenvolvimento social das comunidades locais a partir da oferta de melhor formação técnica e profissional e, ainda, a provisão de meios para sua difusão.

Como esclarece Ramos, “o primeiro passo foi consultar os gestores da escola e os seus alunos para elencar as prioridades e necessidades mais urgentes”. Depois dessa análise, iniciaram-se consultas no mercado, prospectando fornecedores especializados para cada ação necessária, de forma a criar uma visão orçamentária para embasar as escolhas de quais ações serão possíveis realizar nessa primeira etapa.

Entre as prioridades levantadas, uma delas se mostrou urgente: a escassez e a qualidade da água na escola. “No momento não existe água suficiente e de qualidade para desenvolver todas as necessidades das atividades agrícolas da escola, como a produção de mudas, criação de animais e irrigação de culturas, entre outras tarefas. Iremos buscar os recursos e licenças necessárias para a construção de um poço artesiano, captando a água do subsolo”, anima-se Leão.

Outra urgência se refere à reforma da estufa, local utilizado para produção de mudas de citros, já que a região é a maior produtora citrícola fora do estado de São Paulo. “Os orçamentos já estão em avaliação”, esclarece Guilherme Foresti Caldeira, gerente de marketing de campo da Corteva.

Para uma segunda etapa, estão sendo analisadas também a reforma da pocilga e melhorias na estrutura do alojamento e do laboratório de informática.

 Sonhos e mais parcerias

Conforme o projeto ganha corpo, a empolgação e as expectativas pelos resultados aumentam e novas ideias vão surgindo. Uma delas é a reforma total do pomar de cajueiros existente na escola, para que passe a ter uma produção maior e sustentável. Inicialmente, pensou-se que, pelo processo de enxertia dos cajueiros, seria possível obter esse resultado. No entanto, essa iniciativa se mostrou inadequada: “foram consultados dois especialistas, que concluíram que a prática de enxertia nas condições existentes apresenta uma taxa de insucesso muito elevado”, lamenta Ramos. A solução sustentável seria replantar 200 novas mudas de cajueiro clonado – inviável no momento, devido aos investimentos necessários somados aos das urgências acima citadas.

Outra ideia animadora é a construção de uma cozinha industrial com uma lojinha no terreno da escola, como explica Leão. “Aproveitando a localização estratégica da EFALN, às margens da BR-101, na cozinha se ensinaria aos alunos e a seus familiares métodos de processamento dos alimentos produzidos na própria escola e nas comunidades dos arredores, que seriam vendidos na lojinha, agregando valor à produção agrícola e proporcionando uma renda sustentável a várias famílias”.

A realização dessas e de outras ideias vai depender do êxito das primeiras ações e também da possível adesão de novos parceiros, conforme o projeto de recuperação da escola avance, gere resultados e, consequentemente, ganhe visibilidade. “Nosso planejamento é o sucesso dessa escola. Estamos buscando melhores condições, com dificuldades em todos setores. Mas temos a certeza de que a nossa luta, um dia, será vista e abençoada, e o amanhã terá um gosto de vitória. Somos agradecidos por essas empresas terem visualizado o nosso potencial e a nossa luta para capacitar o homem do campo”, conta o diretor Souza, concluindo, animado: “mesmo com as dificuldades encontradas no decorrer da caminhada, os resultados positivos fazem com que a esperança se renove a cada ano”.