Blog •  24/11/2023

Pasto de qualidade é chave para bem-estar animal

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Saiba a quais fatores estar atento para saber se os animais têm alimentos em quantidade e qualidade suficientes para serem saudáveis e produtivos

Se o estado físico e mental dos animais é afetado pelo ambiente no qual ele está, impactando a produtividade, como mostram os estudos acerca do bem-estar animal, quando pensamos no gado de corte e de leite, isso passa, sem dúvidas, pela pastagem – e, consequentemente, pelo pasto e pela nutrição. 

“O recurso alimentar tem que estar disponível em quantidade suficiente e boa qualidade, inclusive no período da seca”, resume o professor da Universidade Estadual Paulista (Unesp) Jaboticabal, Mateus Paranhos, que também é sócio da BE.Animal e integra o Grupo de Estudos e Pesquisas em Etologia e Ecologia Animal (ETCO), parceiros da Agropecuária Orvalho das Flores, de Carmen Perez, no guia pela redução do uso da marca de fogo.

Conforme o especialista, não há receitas prontas para oferecer alimento em quantidade e qualidade adequadas. Cada fazenda precisa considerar suas condições específicas. Porém, é preciso estar atento a alguns fatores para descobrir os parâmetros ideais para cada situação.

Manejo de Pastagens: Fatores Determinantes e Estratégias para o Bem-Estar Animal

Os primeiros, conforme Paranhos, são o solo e o clima da região. “Tudo depende da estrutura de solo onde esse pasto está instalado, se é mais arenoso ou argiloso, quais as condições químicas do solo. Depende também dos períodos de chuva e seca. É isso que vai permitir fazer a escolha correta da forrageira e determinar as estratégias para correção do solo e manutenção do pasto”, diz. 

A partir disso, é preciso pensar na estrutura do pasto e nos hábitos dos animais da fazenda. No que diz respeito à estrutura do pasto, são importantes:

  • a distribuição das plantas pelo pasto, que pode facilitar ou não a alimentação dos animais;

  • massa de forragem, que trata do peso total de forragem por unidade de área;

  • a altura das plantas, que se relaciona à maturidade da planta e à maior ou menor qualidade dela como alimento;

  • a relação folha/colmo, que indica a facilidade de apreensão da planta pelo animal e, consequentemente, a qualidade dela como alimento;

  • a presença de plantas daninhas, que ameaça a saúde dos animais tanto pelo impacto sobre a disponibilidade de alimento quanto por trazer riscos como de envenenamento ou ferimentos.

Sobre a massa, a altura e a relação folha-colmo, Paranhos explica: “Para as diferentes espécies de capim, há um momento ótimo de crescimento, ou seja, aquele em que a planta oferece boa quantidade de alimento sem prejuízo da qualidade. Nós queremos que ela esteja nesse pico da curva, porque, se ela passar, a massa pode ser maior, mas vai ter menos qualidade.”

“Isso implica em mudanças nos hábitos de pastejo, porque, com mais talo do que folha, o animal vai precisar de um maior número de bocados para se alimentar”, completa. Em outras palavras, o esforço para se alimentar será maior, o que impacta o bem-estar – isso quando não acarretar falta de nutrientes para manter o rebanho saudável e produtivo.

Controle de Plantas Daninhas em Pastagens: Estratégias Integradas para a Saúde e Sustentabilidade Animal

Quem também afeta o estado dos animais são as plantas daninhas, que competem com as forrageiras por nutrientes, luz e água e, quando “ganham”, provocam uma redução tanto na quantidade quanto na qualidade do alimento disponível. Além disso, podem ser tóxicas, urticantes ou ter espinhos, o que expõe o rebanho a envenenamento e ferimentos, tendo impacto direto na saúde dos animais. 

O controle deve aliar técnicas mecânicas, como a roçada, com soluções químicas, como herbicidas para pastagens. Para aliar neste processo, a Corteva Agriscience oferece a Linha Pastagem, um portfólio de produtos que faz o controle das plantas daninhas e permite o uso da terra de forma sustentável. São diversas opções, desenvolvidas com tecnologias inovadoras e voltadas para as mais variadas plantas e diversas modalidades de aplicação.

Indicadores de Saúde Animal: Observações cruciais para o Manejo e Planejamento na Pecuária

No que diz respeito aos hábitos dos animais, é importante lembrar que eles vão indicar não apenas as demandas do rebanho, mas também se há alteração. Nesse sentido, é importante observar: 

  • o consumo de matéria seca, que, quando ótimo, vai indicar a necessidade nutricional dos animais e, quando alterado, vai indicar mudanças no pasto como as mencionadas acima;

  • tempo de pastejo, ou seja, o tempo que o animal gasta de cabeça baixa buscando e apreendendo o bocado, que também funciona como indicativo sobre a quantidade e a qualidade do alimento disponível.

“Dependendo da região onde a pastagem está, nem sempre as condições climáticas são favoráveis”, lembra Paranhos. Isso significa que a quantidade e a qualidade da pastagem na seca serão afetadas pela estiagem. “O produtor precisa ter um planejamento para a época de seca para ter reserva de alimentos para os animais.”

Outros aspectos da pastagem

A pastagem é um sistema complexo que envolve não apenas o pasto, ou seja, a forrageira que alimenta os animais, mas também elementos como água e sombra. Esses fatores também influenciam o bem-estar dos animais. 

Em relação à água, Paranhos afirma que é preciso atenção à fonte, ao armazenamento e ao bebedouro. Para garantir a qualidade da água oferecida aos animais, o ideal é captá-la na nascente, sem prejuízo ao curso, ou retirá-la de poços artesianos. “Mas, nesse caso, é mais complicado e mais caro, pois é preciso ter outorga, cavar o poço etc.”, diz. 

No caso do armazenamento, o ideal é que seja feito em estrutura fechada, para evitar risco de intoxicação dos animais, seja por algas que possam vir a nascer na água ou por animais que possam entrar nos tanques abertos. Quanto ao bebedouro, é essencial que ele tenha boa vazão. “O segredo é não fazer bebedouros muito grandes. Eles devem ser menores e com boa vazão, para facilitar a limpeza”, orienta.

A sombra, por sua vez, protege os animais do sol e funciona também como quebra-vento. “A melhor forma é a sombra natural, mas nem sempre é possível”, afirma Paranhos. Nesses casos, é possível construir estruturas que criem espaços de sombra. “Mas um modelo interessante que está surgindo é a integração lavoura-pecuária-floresta, que pode ser feita com árvores que têm valor comercial, ou que servem de alimento para o rebanho ou ainda com plantas nativas”, conta.

Nesse caso, outros benefícios são o aumento da biodiversidade e um impacto positivo na imagem da produção pecuária.