Pastagem de sucesso: 5 dicas para escolher a forrageira ideal
Confira as orientações para saber o que levar em consideração na hora de comprar a forrageira para alimentar o seu rebanho
Confira as orientações para saber o que levar em consideração na hora de comprar a forrageira para alimentar o seu rebanho
Acertar na escolha da forragem é essencial para obter uma pastagem saudável e produtiva e fornecer os nutrientes que o gado precisa para se desenvolver e ganhar peso.
Aqui, no Brasil, o pasto tem uma importância ainda maior devido à estrutura de produção de gado, diferente de outros países do mundo.
De acordo com José Renato Silva Gonçalves, engenheiro agrônomo e doutor em produção animal e pastagem, 96% do rebanho brasileiro tem as pastagens como a única fonte de alimento. Isso é devido a extensão territorial, clima e solo adequados e plantas forrageiras adaptadas às condições locais.
Esse fato possibilita que o Brasil mantenha um sistema de produção de gado de corte muito grande, alimentado quase exclusivamente a pasto. Com este diferencial produtivo, o país é, atualmente, o maior exportador de carne e tem o segundo maior rebanho do mundo.
“Quando fazemos boas escolhas e usamos tecnologias adequadas nas pastagens, fortalecemos o nosso sistema de produção, aumentando a margem econômica do pecuarista. Ou seja, ele vai produzir com um custo relativamente baixo, porque a alimentação, que é um dos principais componentes do custo, vai ser feito via pastagem”, destaca.
Por isso, ter um pasto saudável é sinônimo de bons resultados na pecuária e de lucro para o pecuarista.
Agora que você já sabe qual é a importância de manter um pasto de qualidade, confira as orientações do engenheiro agrônomo para escolher a forrageira ideal para o seu rebanho e elevar a sustentabilidade no seu negócio.
Existem muitas variedades de plantas forrageiras no mercado e a escolha deve levar em consideração as condições e limitações da propriedade.
José Renato explica que, muitas vezes, o foco da seleção de plantas forrageiras são o potencial produtivo e o valor nutricional. Entretanto, os resultados obtidos e divulgados pelas empresas são alcançados em condições ótimas, o que nem sempre é a realidade do pecuarista.
“Muitas vezes, a condição ótima não pode ser mantida porque o pecuarista não tem a tecnologia usada ou tem restrições em sua região e esse capim não vai entregar aquilo que ele está se propondo, porque ele não foi colocado em condições adequadas e o potencial produtivo só se expressa em condições ótimas. Por isso, as limitações da região vão definir quais os tipos de capins poderão ser escolhidos”, afirma.
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Ao escolher a semente, outro ponto que o pecuarista deve observar é a qualidade da semente - chamada de valor cultural, que leva em consideração a pureza da variedade.
“É o quanto eu tenho de semente dentro daquele produto que estou comprando e quantas sementes realmente são da espécie forrageira que eu quero comprar, além de sua capacidade de germinação. É por meio do valor cultural que é definida a taxa de semeadura”, esclarece José Renato.
Segundo José Renato, a formação das áreas de pastagem depende da realização de um bom diagnóstico da propriedade, do proprietário e da região onde a propriedade se localiza. O diagnóstico consiste em levantar o máximo de informações possíveis sobre o perfil do produtor, clima, solo, rebanho, logística, fornecedores e consumidores.
Essas informações serão essenciais para a definição do sistema de produção adotado no projeto, pois além da escolha da forragem, é preciso definir todas as tecnologias necessárias para potencializar a produtividade como o manejo da área de pastagem, o tipo de gado, o sistema de produção, necessidade de suplementação, entre outros.
“Com o diagnóstico, é possível levantar, com maior precisão, quais são as plantas mais adaptadas à região onde eu estou. Normalmente, as condições de solo e clima (edafoclimáticas) são os fatores de produção que devem ter a maior atenção dos pecuaristas”.
“Com relação ao clima, devemos conhecer o histórico do volume total e a distribuição das chuvas ao longo do ano, além das variações de temperatura e comprimento dos dias, pois essas variáveis têm grande influência no potencial produtivo das plantas forrageiras tropicais. Assim, em regiões muito secas, como o semiárido nordestino, é preciso escolher plantas adaptadas a esse contexto. Em relação ao solo, normalmente temos capacidade de alterar as características químicas, através do uso de corretivos e fertilizantes, porém temos capacidade praticamente nula de alterar as características físicas e de declividade dos solos. Então, em um solo com limitações físicas onde existe dificuldade de infiltração e tem água, as plantas devem ser capazes de produzir em ambientes encharcados. Para solo com baixíssimo teor de argila e, consequentemente, baixa fertilidade, é essencial escolher plantas adequadas a essa condição. Até mesmo a topografia do solo pode influenciar a escolha da forrageira ideal. Regiões com maior declividade exigem plantas de melhor cobertura para evitar o processo erosivo”, explica.
Sempre que existirem restrições de solo e clima, esses fatores devem ser levados em consideração na escolha das plantas forrageiras. Em situações nas quais praticamente não existem restrições edafoclimáticas para a escolha das plantas forrageiras, o nível tecnológico, a capacidade de manejar as pastagens e a presença de pragas e doenças são fatores que precisam ser observados.
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Existem plantas forrageiras com manejo mais fácil que outras. José Renato aponta que o capim Mombaça, por exemplo, tem taxa de crescimento e acúmulo de colmos rápido, o que dificulta o manejo correto. Enquanto as brachiarias, principalmente as mais prostradas, como por exemplo a B. decumbens, tem uma relação maior de folhas, o que facilita o manejo.
“A escolha de plantas também deve levar em consideração a capacidade de manejar os pastos depois de formado. Para isso, é necessária uma boa infraestrutura, como a distribuição das cercas, bebedouros e comedouros, para permitir uma colheita eficiente e uniforme do pasto pelos animais, o que garante a perenidade de uma área de pastagem”, orienta.
Propriedades que trabalham com categorias mais leves, como a fase inicial da recria, podem optar por plantas de porte menor, de crescimento mais prostrado, que são mais fáceis de manejar.
“Normalmente a categoria não é um fator tão significativo para a escolha da forragem, tudo depende da capacidade de manejo da fazenda”, acredita.
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Existem regiões endêmicas para pragas e doenças que atacam as pastagens. Por isso, no diagnóstico é importante fazer um levantamento da ocorrência na região da propriedade durante o processo de escolha da planta forrageira a ser utilizada.
A cigarrinha, por exemplo, considerada uma das piores pragas das pastagens, exige que a escolha seja por forrageiras resistentes a ela.
“Por mais produtivo e por maior que seja o valor nutritivo do capim, ele não conseguirá expressar todo o seu potencial produtivo se não for resistente”, observa o especialista.
As áreas de pastagens são impactadas negativamente pela presença de plantas invasoras, uma vez que as mesmas competem por luz, água e nutrientes com as plantas forrageiras. Durante o processo de formação de uma área de pastagem, a matocompetição inicial causa grande redução no potencial produtivo das pastagens. Como a semente das plantas forrageiras são pequenas e, consequentemente, tem pouco material de reserva, a competição com as plantas invasoras diminui o número de perfilhos viáveis gerados pelas sementes (stand), dificultando o fechamento da área e a produção de matéria seca das plantas forrageiras.
Neste aspecto, é importante avaliar a necessidade de controlar a matocompetição, principalmente durante o processo de formação das áreas de pastagens. Normalmente o controle é feito com o uso de herbicidas seletivos, que são capazes de eliminar as plantas invasoras sem prejudicar o potencial produtivo do pasto. Dependendo do tipo de planta invasora, níveis de infestação superiores a 10% já são capazes de afetar a produtividade do pasto, exigindo estratégias de controle.
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“Não existe uma planta forrageira ótima, todas elas vão ter vantagens e desvantagens. A nossa função como técnico é escolher as plantas que vão manifestar as suas vantagens no ambiente que eu tenho ou no ambiente que eu vou criar com as minhas intervenções técnicas. Além disso, temos que ter o cuidado de escolher plantas nas quais seus fatores negativos não vão ser potencializados na região que eu estou ou com o pacote tecnológico que eu estou usando”, conclui José Renato.
Pasto saudável: alguns pontos que você deve saber - Não se deve escolher plantas forrageiras, tecnologias e estratégias para produção do pasto por razões emocionais ou por efeito manada. A escolha deve ser embasada em informações técnicas. - Quanto maior o potencial produtivo de um capim, maior a exigência de fertilidade do solo. Sem os nutrientes adequados, nenhuma planta consegue expressar seu potencial produtivo e, dependendo da restrição, pode morrer facilmente. Normalmente, plantas com menor teto produtivo são menos exigentes e toleram melhor a pouca fertilidade do solo e áreas com mais limitações. - O valor nutritivo do capim é muito mais do que a proteína bruta, sendo que a qualidade das fibras também influencia o valor nutritivo. A fertilidade do solo e o manejo dado às pastagens são capazes de alterar significativamente o valor nutritivo das plantas forrageiras. - A interação entre os animais e as plantas, ou seja, o manejo do pasto, é fundamental para evitar a degradação da pastagem, pois os nutrientes necessários para a produção vegetal dependem da fotossíntese que ocorre nas folhas jovens e verdes. Durante o pastejo, os animais comem primeiro as folhas jovens e verdes, neste contexto, os bovinos podem ser vistos como “pragas de pasto”. |