Pecuarista investe em água encanada para melhorar a produtividade
Projeto desenvolvido na Fazenda Pará 1, em Alta Floresta (MT), vai levar água encanada para abastecer rebanho de 2 mil cabeças de gado
Projeto desenvolvido na Fazenda Pará 1, em Alta Floresta (MT), vai levar água encanada para abastecer rebanho de 2 mil cabeças de gado
No município de Alta Floresta, extremo norte de Mato Grosso, o pecuarista Augusto Francisco dos Passos está investindo em um projeto de água encanada para abastecer um rebanho de 2 mil animais. Iniciada há cerca de um ano, a reforma vai levar água encanada para toda a fazenda e aumentar de 30% para 70% o pastejo rotacionado na propriedade.
A água é o principal nutriente para o gado e, quando é de boa qualidade, influencia muito no ganho de peso. Ao levar água encanada para o rebanho, o produtor evita que o gado beba água suja e contaminada, ou que reduza o consumo devido ao sabor ou ao odor desagradáveis.
“Se eu tiver que classificar qual tecnologia trouxe melhor resultado para a minha propriedade, com certeza foi essa. Em dois meses, completaremos a meta de expandir a água encanada para 100% da fazenda. Vamos colocar bebedouros nas regiões onde serão feitas as divisões de pasto para que tudo fique rotacionado, com remangas nos locais de mineralização”, afirma o pecuarista.
Passos explica que a água é represada na fonte e depois bombeada para a região mais alta da fazenda, para ser distribuída por gravidade. O investimento também contribui para aumentar a sustentabilidade da propriedade, pois evita que os animais causem danos ao manancial, que, por lei, é Área de Preservação Permanente (APP).
Nascido em Clevelândia, no interior do Paraná, o pecuarista cresceu com os sete irmãos em meio às criações de gado leiteiro, gado de corte e suínos da família. Em Curitiba, se graduou em Biologia e trabalhou por oito anos com técnicas de reprodução bovina por transferência de embrião. Em 1993, uma nova oportunidade de negócio o levou para o Mato Grosso, onde trabalhou na indústria madeireira por mais de uma década.
A dedicação exclusiva à pecuária começou quando adquiriu a Fazenda Pará 1, em 2005. Sob a gestão de Passos, a propriedade, que era destinada à recria e engorda de gado, mudou o foco e passou a atuar na cria e recria de vaca Nelore, com o diferencial da ausência de touros no manejo reprodutivo.
Há quatro anos, Passos investe no cruzamento industrial, a fim de aumentar a produtividade por meio da inseminação artificial em tempo fixo (IATF). “Já tinha experiência com tecnologia de reprodução, mas essa área mudou e melhorou muito. Uma das novidades que conheci e logo apliquei na fazenda foi o Programa Touro Zero, com reprodução assistida”, conta.
Passos também adotou novas tecnologias na fazenda, com bases sustentáveis. Entre as inovações, estão a recuperação e melhoria na divisão do pasto, a adubação de pastagem e o fornecimento de água de qualidade para o rebanho, por meio do encanamento de fonte natural.
Tudo isso ajudou no aumento da produtividade e intensificou a área útil de pastagem da fazenda de 1.500 hectares, que hoje conta com 800 hectares de pasto. O investimento trouxe ainda ganhos ambientais para a propriedade, que há alguns anos tinha grande parte da área descoberta e hoje tem vegetação em quase 80% da APP.
“Consegui aumentar a lotação do rebanho. Antes eu trabalhava com cerca de 1.200 animais e este ano estou com 2.000 cabeças no período de seca. Estamos indo muito bem, os animais estão se desenvolvendo com bom estado corporal”, relata.
Os bons resultados obtidos na fazenda também são influenciados pela gestão focada na valorização e capacitação dos colaboradores. “Há uma escassez enorme de mão de obra no setor, mas aqui procuramos incentivar e reconhecer o trabalho da equipe com uma boa remuneração e participação por produtividade, por exemplo", diz o pecuarista.
As boas práticas de bem-estar animal estão presentes no dia a dia da fazenda, que adota a técnica de manejo de gado Nada nas Mãos, criada pelo médico veterinário Paulo Loureiro e difundida no Brasil pela veterinária Adriane Lermen Zart.
Neste conceito de manejo, a ideia é lidar com animais sem lhes causar estresse, usando a linguagem corporal, posicionamento e atitudes planejadas para movimentar o gado. A técnica busca resgatar a relação de confiança entre humanos e bovinos, utilizando os instintos naturais do gado a favor do profissional.
“É um processo gradativo até conseguirmos mudar essa cultura do manejo mais bruto para um manejo mais técnico. Busco estar sempre próximo dos funcionários para incentivá-los a adotarem essa técnica, que me foi apresentada pelo médico veterinário Antony Luenenberg. Os animais ficam mais tranquilos para manejar e não há acidentes com funcionários”, diz Passos.
O pecuarista acredita que o apoio de uma boa consultoria faz toda a diferença na vida empresarial do agronegócio. Segundo ele, o Brasil tem muitos técnicos competentes e informações riquíssimas oferecidas pelo mercado, que devem ser aproveitadas.
“Eu mudei a minha fazenda quando comecei a contar com uma boa consultoria. No dia a dia, temos vícios que só são observados por alguém de fora da fazenda, por isso a auditoria auxilia muito. O preço a se pagar por querer tocar tudo por conta própria é muito alto”, afirma.
Para orientar no controle de plantas invasoras, Passos recebe o apoio técnico de um representante da Corteva Agriscience. Ele destaca que os produtos da marca trouxeram mais segurança no controle efetivo de invasoras como assa-peixe, fedegoso e malícia.
“Um ponto forte da Corteva Agriscience que eu valorizo é esse relacionamento do técnico com o produtor, e a interação com quem vai aplicar a tecnologia. A equipe vem aqui e me orienta sobre qual tipo de herbicida deve ser aplicado, qual a finalidade fisiológica e que tipo de planta ele controla.”
Segundo ele, essa orientação é importante porque, embora os produtos estejam disponíveis no mercado, se não forem aplicados de forma correta, não haverá o resultado esperado. Somente usando a técnica e a dose certa as plantas realmente são retiradas de circulação.
“Hoje fazemos o controle efetivo de algumas plantas que retornavam com muita frequência. Assim aumentamos a disponibilidade de forrageira e conseguimos ter mais capim disponível para o gado, em quantidade e qualidade”, pontua.
Gostou das inovações que o pecuarista Augusto Francisco dos Passos fez na sua fazenda? Conhece outras iniciativas sustentáveis na pecuária? Conte para a gente nos comentários.