Saiba como reduzir custos na suplementação para o gado
Uso de subprodutos da agroindústria para a suplementação pode ajudar a reduzir o custo de produção e fazer uma pecuária mais sustentável
Uso de subprodutos da agroindústria para a suplementação pode ajudar a reduzir o custo de produção e fazer uma pecuária mais sustentável
A nutrição bovina é um dos maiores custos na produção pecuária e influencia diretamente a lucratividade do negócio, segundo estudo feito em 2023 pela empresa de tecnologia Ponta. Uma forma de reduzir os gastos com a alimentação dos animais é utilizar alimentos alternativos que tenham uma boa relação de custo-benefício e ofereçam os nutrientes essenciais para os animais.
Este é o tema que vamos tratar em mais um texto da série “Prosperando na pecuária com baixo investimento”, um especial que busca mostrar que a implementação de práticas simples pode beneficiar diretamente os resultados financeiros dos pecuaristas.
Uma alternativa encontrada por pecuaristas para reduzir custos com a suplementação animal em dietas para bovinos é a utilização de resíduos e subprodutos ou coprodutos agrícolas. O subproduto é o resíduo obtido depois da colheita de uma cultura ou do processamento de alimentos humanos, que seja adequado para a nutrição animal.
O Brasil possui uma grande quantidade de resíduos da agricultura e da agroindústria, com potencial para alimentar bovinos, mas que muitas vezes não são utilizados por desconhecimento de seus benefícios.
Embora a suplementação nutricional seja mais utilizada em períodos de seca, quando há uma queda na oferta de proteína para a alimentação dos animais, a sua utilização pode variar de acordo com tipo de dieta ofertada, explica o Médico Veterinário e Coordenador de Projetos Rehagro Corte Nordeste, Danilo Augusto Ferreira.
“Se a maioria da dieta vem de ração, a estiagem ajuda no desempenho porque melhora o ambiente com menos lama, por exemplo. Agora quando a dieta, na sua maioria, é o pasto, a estiagem diminui a qualidade do capim e a suplementação precisa estar ajustada para corrigir essas deficiências, e manter o desempenho do animal”.
A suplementação para animais em pastejo é importante para aumentar a capacidade de suporte e auxiliar no manejo de pastagens. Os produtos mais usados para suplementação são o sal mineral, o sal ureado, o sal adensado, proteinado de baixo consumo, proteinado de alto consumo e rações.
“A suplementação ajuda a corrigir a falta de nutrientes que o animal precisa e também torna o consumo do pasto mais eficiente melhorando, por exemplo, a degradabilidade da fibra no rúmen do animal”, explica Ferreira.
Atualmente, muitas alternativas têm sido testadas e recomendadas para suplementar a alimentação. Esses subprodutos, quando utilizados de forma adequada e balanceada, podem ser opções econômicas e sustentáveis na alimentação de bovinos, fornecendo nutrientes essenciais para seu desenvolvimento e saúde. “O benefício da utilização de subprodutos é que o produtor consegue fazer dietas com o custo do quilo mais barato e às vezes até mais viáveis”, comenta o médico veterinário.
Os subprodutos da produção do etanol, obtidos a partir da fermentação do amido de grãos de milho, têm sido muito utilizados pelos pecuaristas do Mato Grosso na alimentação de bovinos, com bons resultados.
Chamados de DDGS (do inglês, Dried Distillers Grains with Solubles, em português, Grãos Secos de Destilaria com Solúveis) e DDG (do inglês, Dried Distillers Grains, em português, Grãos Secos de Destilaria), eles atraem os produtores por conta do seu custo-benefício e vantagens nutricionais.
São fontes de nutrientes contendo proteínas/aminoácidos, energia, minerais, vitaminas e substâncias imunoestimulantes. Os DDGS/DDG de alta proteína (acima de 39%) podem substituir as fontes proteicas das rações e, dependendo do preço, até reduzir o custo da alimentação. Isso pode contribuir para que os animais ganhem peso mais rapidamente e com menos alimento.
Em geral, o DDG é mais barato do que outras fontes de proteína, como o farelo de soja. Por isso, o seu uso na alimentação do gado de corte pode ser uma estratégia financeiramente vantajosa, ajudando os pecuaristas a reduzirem custos ao substituir parte da alimentação convencional por DDG.
Outra vantagem financeira é que por ser um subproduto da indústria de etanol de milho, os preços do DDG podem ser menos instáveis do que os preços de outras fontes de alimentação, como grãos. Isso pode ajudar os pecuaristas a planejarem seus custos de produção com mais previsibilidade.
Na Bahia, onde a produção de algodão é significativa, o uso do caroço de algodão na suplementação de bovinos é bastante difundido, principalmente pelas suas vantagens: é uma excelente fonte de energia e proteína para o gado, além de conter uma boa quantidade de fibras. Essa prática é bastante vantajosa para os pecuaristas, já que o caroço de algodão é facilmente disponível.
A utilização do caroço de algodão na suplementação alimentar dos bovinos pode trazer diversos benefícios, como melhorar o ganho de peso, aumentar a produção de leite, e até mesmo reduzir os custos de alimentação para os criadores. Ele pode ser adicionado à alimentação do gado de diferentes formas, como na forma de farelo ou como parte de uma mistura de ração.
Na Região Sul do Brasil, o uso do bagaço de uva tem sido alvo de recentes estudos. A pesquisa “A inclusão de diferentes formas de processamento do bagaço da uva pode ser alternativa viável à produção de bovinos de corte no Brasil?” mostra que é economicamente viável utilizar o bagaço de uva na alimentação de bovinos.
O estudo apontou que a inclusão da silagem de bagaço de uva estimulou o sistema antioxidante e imunológico dos animais, sem afetar o perfil fermentativo e o desempenho zootécnico dos animais, além de baixar o custo com ração devido ao uso do bagaço de uva.
O resíduo de bagaço de uva (RBU) é um subproduto gerado após a prensagem dos cachos de uva durante a produção de vinho, sucos e seus derivados. Ele se destaca por sua alta concentração de fibras e baixa digestibilidade, além de conter uma grande quantidade de extrato etéreo.
Conheça alguns subprodutos/coprodutos da agroindústria utilizados na suplementação da nutrição de animais em diferentes regiões do país:
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Outra vantagem do uso de subprodutos da agroindústria na alimentação animal é que ele ajuda a reduzir o desperdício e promover a sustentabilidade. A Embrapa Pecuária Sul estudou a possibilidade de diminuir as emissões de metano na pecuária por meio desses resíduos na nutrição de bovinos. Entre os subprodutos analisados estão: resíduos de olivas, óleo de mamona, vinho e suco de uva.
A emissão de metano na pecuária está diretamente ligada à eficiência do processo alimentar dos bovinos, e, portanto, à redução de emissões no meio ambiente, aponta a Embrapa. Estima-se que a suplementação da nutrição dos animais com resíduos da agroindústria, quando combinada com práticas adequadas de manejo de pastagens, possa reduzir em até 30% as emissões de metano.
É importante lembrar que antes de incluir qualquer um desses subprodutos no planejamento nutricional do rebanho, você deve procurar um veterinário ou um especialista em nutrição animal para garantir a correta utilização desse alimento na dieta dos seus animais.
Na hora de escolher o subproduto ideal para o seu rebanho, você deve observar questões como: quantidade disponível, proximidade entre a fonte produtora e o local de consumo, características e limitações nutricionais, e pensar ainda nos custos de transporte, acondicionamento e armazenagem, além de observar a sazonalidade do produto.
Mesmo diante de tantas opções de suplementação, as pastagens são as principais fontes de alimento para o rebanho. Além da proteína e energia, as forrageiras oferecem a fibra necessária para promover a mastigação, ruminação e saúde do rúmen.
Para que o pasto seja produtivo e nutritivo, é essencial fazer o manejo adequado das pastagens e não deixar de lado as boas práticas agropecuárias. Uma dica do consultor da Rehagro é treinar a equipe da fazenda, pois, segundo ele, existem muitos vaqueiros ou funcionários de fazenda que não sabem manejar pastagens.
“O manejo de pastagens ajuda muito no desempenho do animal pois interfere no consumo e na qualidade da planta. Isso não diminui a necessidade da suplementação, mas gera mais ganho de peso dos animais ou aumento da produção de carne por hectare, além de diminuir a degradação das pastagens nas propriedades”, afirma Ferreira.
As plantas daninhas podem gerar grandes perdas com a degradação da pastagem, aumentando os custos de produção e afetando a produtividade do capim, devido à competição por nutrientes do solo. Por isso, investir no controle de plantas daninhas é a melhor estratégia para um pasto produtivo e de qualidade, além de contribuir para aumentar a rentabilidade da atividade pecuária.
Para auxiliar o produtor neste desafio, a Corteva Agriscience desenvolveu a Linha Pastagem, um portfólio de herbicidas concentrados e com muito mais rentabilidade. Entre as opções disponíveis estão a Tecnologia XT-S e Tecnologia Ultra-S, soluções que rendem muito mais hectares por litro, com menos embalagens para transportar, guardar e descartar, além da redução de CO2 nas operações.