Subprodutos da indústria podem reduzir emissão de metano na pecuária
Embrapa estuda o uso de rejeitos agroindustriais na alimentação de bovinos para reduzir a emissão de metano
Embrapa estuda o uso de rejeitos agroindustriais na alimentação de bovinos para reduzir a emissão de metano
Encontrar novas soluções para reduzir as emissões de metano é um objetivo comum de pecuaristas para refrear os impactos das mudanças climáticas no planeta. No Brasil, pesquisas realizadas pela Embrapa Pecuária Sul estudam a possibilidade de alcançar esse objetivo por meio da utilização de subprodutos de agroindústrias na nutrição de bovinos.
Alguns itens que estão sendo testados são resíduos de olivas, óleo de mamona, vinho e suco de uva. Eles podem ser aproveitados na formulação de rações para o gado de corte na recria e terminação. O objetivo é enriquecer a dieta alimentar do rebanho com compostos naturais.
A pesquisadora da Embrapa Pecuária Sul, Cristina Genro, explica que a emissão de metano está diretamente associada à eficiência do processo de alimentação dos bovinos e, consequentemente, à mitigação de emissões no meio ambiente. Isso significa que, se há menor emissão do gás, é porque o animal está aproveitando melhor o alimento.
“A oferta adequada de alimentos é o primeiro passo para reduzir a produção de metano. Se melhorarmos essa dieta, é possível reduzir a fermentação dentro do sistema digestivo e, consequentemente, a produção do metano será reduzida”, destaca.
O estudo ainda não mensurou o quanto a utilização desses subprodutos pode auxiliar na redução das emissões do gado suplementado com eles. Mas, de acordo com a pesquisadora, a previsão é que o uso da suplementação da nutrição dos animais com resíduos da agroindústria, mantidos em pastagens bem manejadas, pode reduzir as emissões em cerca de 30%.
O metano é produzido durante o processo de digestão dos animais. Depois de ingeridos, os alimentos vão para o rúmen, órgão do aparelho digestivo onde bactérias ajudam na digestão por meio da fermentação, mas acabam produzindo também o gás. “Esse alimento fermentado retorna para a boca do bovino para ser novamente mastigado. Nesse momento, o metano é emitido para a atmosfera pela eructação (arroto) dos animais”, diz Cristina.
Segundo a pesquisadora, os compostos secundários presentes nos rejeitos da agroindústria reduzem a fermentação ruminal, fazendo com que as emissões de metano dos animais que estão consumindo esses subprodutos sejam reduzidas.
A oferta adequada de alimentos e a utilização de espécies forrageiras com melhor digestibilidade são o primeiro passo para reduzir a produção de metano. Assim, uma boa estratégia para reduzir a emissão do metano é investir em um bom manejo, para que os animais sejam abatidos mais cedo.
A redução do impacto ambiental da pecuária é o principal benefício apontado pela pesquisa. A suplementação animal com o uso de rejeitos da agroindústria auxilia na aceleração da recria e permite que os animais sejam abatidos mais cedo.
Ao melhorar o desempenho na recria e terminação, o pecuarista consegue reduzir a idade de abate e antecipar a liberação das áreas para o cultivo da lavoura de verão, em sistemas de produção integrados.
“O tempo menor que os animais levarão para atingirem o peso e a condição corporal para o abate também vai reduzir o tempo de emissão destes animais, o que já é um grande benefício para o meio ambiente”, enfatiza a pesquisadora.
Além do potencial em relação à diminuição da emissão de metano e de melhorar o desempenho animal, a expectativa é que o subproduto também tenha um efeito benéfico na qualidade da carne e do leite. “As matérias-primas que estão sendo estudadas apresentam características que podem acrescentar um diferencial à carne. Isso pode ocorrer pela redução das emissões de metano ou por modular o perfil de ácidos graxos da gordura da carcaça e agregar moléculas funcionais à carne dos animais suplementados”, explica Cristina.
Durante a pesquisa, serão desenvolvidos testes in vitro (no laboratório), in vivo (usando animais) e também avaliações em campo. Por serem vários subprodutos em teste, os resultados finais serão divulgados a partir de 2024.
A primeira etapa já está em andamento. São estudos de laboratório para se obter uma descrição detalhada de cada um dos subprodutos, por meio da análise da composição química, quantificação de compostos secundários, utilização ruminal e emissão de metano in vitro de níveis dos resíduos associados à pastagem.
“Os melhores níveis de inclusão, obtidos nas provas in vitro, serão validados em ensaios de metabolismo in vivo com a forrageira cortada fresca. Elas serão oferecidas aos animais em gaiolas metabólicas, onde serão medidos o consumo, a digestibilidade da dieta e a emissão de metano dos animais em teste”, conta a pesquisadora.
Na última fase do estudo, os melhores níveis de inclusão dos subprodutos obtidos nos ensaios de gaiola irão para teste no campo. Neste momento, o desempenho de bovinos de corte será avaliado em quesitos como ganho de peso, ganho por área e redução das emissões de metano entérico. No caso de bovinos de corte, a suplementação será oferecida na fase de terminação em área de pastagem de inverno, durante aproximadamente 120 dias.
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