Blog •  16/04/2024

Carne premium: mercado competitivo e exigente desafia pecuaristas

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O mercado de carne premium é muito competitivo e de alto valor agregado, por isso o pecuarista deve preparado para prever e atender suas exigências

Uma das principais transformações recentes no mercado de carne é o aumento no consumo de carne premium, caracterizada pela excelência na qualidade em todos os processos da cadeia produtiva. Esta transformação no perfil de consumo é evidente tanto no crescimento do consumo no mercado interno quanto em relação à ampliação nas exportações. 

Exemplo disso é o crescimento das exportações de carne Angus certificada, que em 2023 aumentou 68% em relação ao ano anterior. No mercado interno, a perspectiva de crescimento em 2024 é de cerca de 10%. Os dados são do Programa Carne Angus Certificada, uma parceria entre a Associação Brasileira de Angus e a indústria frigorífica para produção de carne de alta qualidade.

Para entender melhor sobre os novos paradigmas e oportunidades desse mercado, o site Pasto Extraordinário conversou com a médica veterinária e gerente nacional do Programa Carne Angus Certificada, Ana Doralina Menezes. 

De acordo com Ana Doralina, o crescimento na demanda pela carne premium é motivado pelo reconhecimento do consumidor moderno, que hoje é mais informado, com maior senso crítico e que aprendeu a consumir um produto de qualidade. Ela afirma que esse tipo de consumidor, que busca mais informações, é quem gera a demanda para toda a cadeia produtiva. 

“O que vivemos hoje é resultado de um longo trabalho de educação e identificação, que começou muitos anos atrás, e que tinha esse objetivo: fazer com que o consumidor conhecesse o produto com padrões de qualidade, para que, assim, a demanda retornasse a toda a cadeia produtiva. E foi o que aconteceu”. 

Novas demandas e tendências para a carne premium 

Na sequência desse movimento, explica a médica veterinária, surgiram novas demandas. Hoje, além de ter a garantia de qualidade - com padronização, e de forma constante, com regularidade -  o mercado requer a acessibilidade ao produto nas mais diferentes regiões do país, e não apenas nos grandes centros consumidores.

“As principais demandas e tendências para o setor são as experiências gastronômicas, ou seja, a diversidade de possibilidade de consumo, praticidade, padrão. Tudo isso aliado ao quesito principal, que é fornecer muita informação ao consumidor: desde novos cortes, formas de preparo, informações, origem, raça, idade, sistema produtivo, pasto, confinamento, marmoreio”. 

Principais importadores de carne premium 

Além de ser o maior país importador de carne do Brasil, a China também é o principal comprador de carne premium. Em 2023, cerca de 43% do total de carne Angus Certificada teve como destino o país asiático. Em segundo lugar estão os países do Oriente Médio (Arábia Saudita, Emirados Árabes) com 21%, e os Estados Unidos, em terceiro lugar, com 13%. 

“Em comum, esses países exigem certificação da Associação, com informações da origem e qualidade padronizada. É claro que garantias como bem-estar animal e rastreabilidade também entram nesse pacote de informações entregues pela indústria a esses clientes”, pontua a gerente nacional do Programa Carne Angus Certificada. 

Mercado de Carne Premium: desafios e oportunidades para os pecuaristas 

Para Ana Doralina, o maior desafio para os pecuaristas que atuam ou querem atuar nesse mercado é estarem informados sobre as demandas, entendendo o que o cliente está pedindo naquele momento. Por isso, ressalta, é preciso estar preparado para atender, prever e cumprir os desafios. 

“Precisamos lembrar que esse é um mercado extremamente competitivo, é o mercado do valor agregado. Temos a presença da Austrália, EUA, Argentina e Uruguai, com muita experiência e expertise em vender esse produto lá fora, enquanto para o Brasil ainda é um mercado relativamente novo. Então, todas as oportunidades devem ser aproveitadas. Precisamos evoluir na caracterização desse consumidor do mercado externo e estarmos prontos para atendê-lo, sabendo posicionar os nossos diferenciais, gerando reconhecimento e demanda”. 

Outro aspecto que deve ser priorizado pelo pecuarista é a adoção de práticas sustentáveis na atividade pecuária, tanto para se adequar às regras de sustentabilidade global, quanto como garantia da continuidade e longevidade do negócio.

“Sem sustentabilidade não existe negócio, e a pecuária deve ser avaliada sob essa ótica. Na minha opinião, essa é uma visão sem volta. Alguns pecuaristas ainda enxergam a sustentabilidade como um gasto, e na verdade ela é a base, pois sem ela não teremos futuro, essa é a grande mudança”, enfatiza Ana Doralina. 

Pecuária sustentável com pastagens limpas e produtivas 

A médica veterinária também destaca a importância do manejo de pastagens, que é ponto essencial em sistemas produtivos adequados para produção em todos os sistemas, principalmente nos mais intensivos e desafiadores. “É a base para o desempenho, produtividade e lucratividade, somado a outros quesitos como potencial genético, sanidade e bem-estar animal, garantindo um produto de alta qualidade”. 

O Brasil tem o maior rebanho de carne do mundo e quase 90% da carne brasileira é proveniente da criação a pasto. As pastagens são o grande diferencial da competitividade brasileira, por isso o manejo de pastagens adequado é essencial para a sustentabilidade da atividade pecuária.  

A Corteva Agriscience™ acredita que a sustentabilidade e produtividade na pecuária podem andar juntas. Para isso, oferece ao pecuarista uma linha de produtos que contribuem para um pasto limpo de plantas daninhas e produtivo, de forma sustentável. São soluções inovadoras, desenvolvidas com tecnologias que auxiliam no uso da terra de forma sustentável, além de prevenir perdas com a degradação da pastagem. 

A Linha Pastagem conta com produtos mais concentrados, como as tecnologias XT-S e Ultra-S, que rendem muito mais hectares por litro, com menos embalagens para transportar, guardar e descartar, além da redução de CO2 nas operações.

Exportação e sustentabilidade 

Exigências impostas por países importadores de carne comprovam que a agropecuária sustentável não é mais uma opção, mas uma necessidade imperativa para quem deseja entrar e se manter no mercado internacional. 

Prova disso é o Regulamento da União Europeia para Produtos Livres de Desmatamento (EUDR), aprovado em maio de 2023. Essa lei proíbe que os membros da UE importem produtos originados de regiões com qualquer nível de desmatamento, seja legal ou ilegal. O objetivo é combater o desmatamento e promover práticas sustentáveis dentro das cadeias de suprimentos. 

A partir de dezembro de 2024, quem quiser exportar para o mercado da UE deverá identificar, avaliar e abordar os riscos de desmatamento e degradação florestal em suas cadeias de produção. A regra vale para produtos e derivados de madeira, soja, carne bovina, cacau, café, óleo de palma e borracha. 

Outro exemplo que impulsiona a sustentabilidade da pecuária brasileira é o Boi China, bovino abatido antes de completar 30 meses, conforme o padrão exigido pelo mercado chinês - principal destino das exportações brasileiras de carne. 

Essas regras podem se tornar uma oportunidade para a pecuária brasileira se posicionar internacionalmente na agenda da sustentabilidade. Com práticas produtivas mais eficientes, o Brasil conseguirá seguir com o aumento da sua produção, sem comprometer o meio ambiente.